A vida é frágil, mutável e imprevisível, mas nem sempre a incerteza é um fator negativo. A magia existencial desapareceria se tudo fosse desvendado. A dúvida tem um componente de surpresa. É a incerteza que acrescenta sabor à existência. Como o mundo seria enfadonho se fosse possível saber, com antecedência, cada momento do amanhã! Como seria cruel uma vida que não tivesse o direito inalienável de sonhar? Por isso, viver é está cheio de questionamentos! É não ter a certeza de tudo! É não está seguro do momento futuro.


Com efeito, não existe permanência, certeza ou imutabilidade. Tudo é efêmero e encontra-se em permanente mudança. No entanto, o ser humano insiste em preocupar-se mesmo sabendo que não pode vencer as barreiras da dúvida. Deseja está absolutamente seguro.

Não se quer aqui radicalizar. Certamente, existe a necessidade de planejar para o dia de amanhã, mas isso em certo grau de razoabilidade, pois, frequentemente, o que acontece são os planos mais bem traçados fracassarem, deixando tristeza e dor, em lugar da felicidade prometida. O fato é que nem sempre as coisas acontecem como foram planejadas. Há muito sonho irrealizado e muito sofrimento inútil.


Por outro lado, a dúvida e a incerteza causam um envolvimento salutar no processo de busca, propiciando o crescimento humano. No entanto, o homem continua acumulando riqueza e poder, colecionando títulos, buscando fama, na esperança de vencer o medo do desconhecido. Admira os poderosos e está convencido de que se ocupasse o lugar deles a angústia existencial desapareceria. Ledo engano! Quanto mais riqueza, fama e poder, mais problemas, insegurança e ansiedade surgirão.


A rigor, a vida e o cosmo permanecem sempre enigmáticos. A melhor alternativa é aceitá-los como se apresentam, adaptando-se às mudanças, porque a única certeza que se tem é a incerteza.


Logo, deve dar boas-vindas ao novo, como o faz em relação ao velho; ser tão sereno e destemido em relação ao inesperado quanto o é em face do que foi planejado. Talvez, se desse maior atenção às pessoas mais experientes, as situações do passado e do presente, pudesse melhor compreender a dinâmica e a sabedoria de viver. E, com certeza, também evitaria preocupações e desapontamentos desnecessários, certo de que, como dizia Albert Einstein: “A coisa mais bonita que podemos experimentar é o mistério”.

* Artigo publicado em 20.10.2009 no jornal O povo e reproduzido neste site com autorização do autor.




Edilson Santana

– Promotor de Justiça

edilsonsantanag@hotmail.com

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here