A primeira copa do mundo de futebol foi realizada em 13 de junho a 30 de julho de 1930, no Uruguai, em homenagem ao centenário de sua independência. A final foi disputada entre Argentina e Uruguai, que venceu por 4×2 sobre quem viria ser a nossa eterna rival. Noventa e três mil pessoas lotaram o Estádio Centenário. Desde então esse evento mundial tornou-se a celebração de todas as raças no mesmo espaço festivo. A copa de 2010 difere das outras pelo país anfitrião: África do Sul. Conhecido por seu mosaico cultural, idiomas diversos- onze deles são reconhecidos constitucionalmente – e pluralismo religioso, esse país, habitado por seres humanos há mais de 100.000 mil anos, recebeu da Fifa a grande oportunidade de mostrar ao mundo, principalmente o ocidental, o seu DNA.


Dia 10 de junho, bilhões de pessoas se deslumbraram com os ritmos musicais, com as coreografias das danças africanas na festa de abertura da Copa 2010.


Mas nem sempre o livre arbítrio foi rotina na vida dos sul-africanos.


Leis promulgadas aprisionaram a liberdade dos nativos. O governo republicano de 1961 manteve o apartheid, redimensionado pela colonização européia – leia-se domínio britânico -, para controlar a riqueza nacional extraída das minas de diamante e ouro.


Se as gunguzelas soam felicidades africanas, o passado recorda lacrimosas realidades de vidas separadas que o apartheid impôs:


– Proibição de casamentos entre brancos e negros.


– Obrigação de registro de cor para todos os sul-africanos.


– Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades.


– Determinação e criação dos bairros negros.


– Proibição no uso de instalações públicas como bebedouros e banheiros.


– Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças negras.


Em um país com ¼ da população desempregada e subvivendo- e não sobrevivendo- com menos de US$ 1,25 /dia, essa copa é um canal aberto para os africanos comunicarem, por rádio, internet, televisão e jornais, a população mundial que, mesmo sofrendo as dores sociais que a segregação racial impôs, é capaz de superar-se pelo talento.


Leio uma copa do mundo não apenas como manifestações das habilidades humanas na arte futebolística. Entendo-a, também, como um momento de união entre centenas de aspectos culturais, históricos, linguísticos, raciais, artísticos e religiosos. A versão que mentalizo é a de que ela tem a função de promover a cultura do entendimento entre as nações e o congraçamento entre  as diversas raças que compõem a sociedade universal.


É um momento de paz mundial dentro do país sede.


Relembro esta frase de Nelson Mandela: “Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitas para viverem como irmãos.”


Uma copa do mundo é descendente do empreendedorismo coletivo onde se aplica o digno conceito sul-africano da palavra ubuntu: essência do ser humano.

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