A grande mídia, patrocinada pelos grandes grupos econômicos e pela publicidade governamental, inverte fatos deliberadamente, controlando a opinião pública em todo mundo e abafando as diferentes vozes existentes na sociedade. Antecedentes, memória, contexto, análise e reflexão – indispensáveis para se fazer jornalismo de qualidade, infelizmente, parecem não fazer parte das reportagens e editorias, principalmente na televisão brasileira.

As empresas e os bancos que acumulam lucros exorbitantes, agora querem bilhões para “salvar os empregos”. A “VALE”, empresa brasileira vendida pelo governo FHC a grupos estrangeiros por 3 bilhões e 400 mil reais, quando só o depósito de ouro de Eldorado dos Carajás valia 150 bilhões de dólares, já disse que vivemos “um período de exceção e medidas de exceção se justificam para salvar a economia”. Essas medidas de exceção são os direitos trabalhistas que querem flexibilizar. Os que acumularam lucros, agora socializam os possíveis prejuízos.

Esse é o modelo político e econômico no qual vivemos – o neoliberalismo. Um estado mínimo e privatizado quando se trata de saúde, educação e problemas sociais que afligem milhões de pessoas pelo mundo, e máximo no apoio aos seus principais acionistas – as montadoras de automóveis e os bancos. O mercado é que comanda. Os bancos e as montadoras disputam o controle e determinam que o automóvel – símbolo do capitalismo, vale mais que um ser humano.

Nas estradas brasileiras, durante os feriados de natal e ano novo morreram mais pessoas em acidentes que no conflito Israel/Palestina. Para a mídia, isso parece normal, assim como o território invadido ser considerado o algoz. Em Belo Horizonte o problema das chuvas é o grande volume das águas. Não se fala das obras no Ribeirão Arrudas, em barragens de contenção. Não se consulta engenheiros para saber as causas, e sim, especialistas em meteorologia.

O que a mídia faz é tentar transformar, cada vez mais, pessoas em objeto. Para que as mortes, de palestinos ou brasileiros não atrapalhem os ditos “negócios”. A mídia, neste contexto, é mera empregada de seus patrocinadores, os donos do mundo.

Estas e outras questões, reforçam a necessidade do debate democrático sobre a comunicação que queremos. Depois de mais de duas décadas de discussões, não há dúvidas sobre a necessidade de uma política nacional de comunicação que garanta um jornalismo voltado para o interesse público. Neste debate deve ser colocada também a questão da criação de um Conselho profissional que seja instrumento de defesa para o exercício autônomo e ético do jornalismo. Com a convocação pelo governo, da Conferência Nacional de Comunicação, programada para ser realizada de 1 a 3 de dezembro de 2009, o que se espera é que a reflexão crítica e engajada se constitua em uma ação política que respeite a soberania dos países e seja ao mesmo tempo democrática.

* Artigo publicado no blog http://cinejornalismoempauta.blogspot.com/ e reproduzido neste site com autorização da autora.

Taís Ferreira
– Jornalista, é editora do blog Cine Jornalismo Em Pauta
tais.assessoria.imprensa@gmail.com

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