Segurança Pública torna-se Campanha / José Antonio Aparecido Tosi Marques

Quaresma e Campanha da Fraternidade. Aproxima-se este tempo especial da vida eclesial em preparação para a celebração da Páscoa.

Centro e fundamento da fé cristã é o Mistério Pascal do Senhor. Jesus, o Filho do Deus vivo, se fez homem para trazer ao homem a participação na vida divina, vida em plenitude. Deu Ele sua vida, amando até o fim. Por isso o poder divino se manifestou em vitória sobre a morte na ressurreição do Filho de Deus, primogênito de uma multidão de irmãos. O dom do Amor é derramado nos corações humanos e será vivificador.

Centro da celebração litúrgica da Igreja é o Mistério Pascal de Cristo, revivido nos ritos do culto, participação no dom de Deus pelo Seu Filho. Ponto de partida, caminho de vida e meta de chegada é o Mistério Pascal do Senhor – comunhão de vida dos homens com Deus e entre si.

A atenção de toda a Igreja, de todos os fiéis discípulos de Jesus, se volta para viver com intensidade e profundidade a participação na Páscoa do Senhor. E se propõe como dom para toda a sociedade a “Campanha da Fraternidade”, como conseqüência do Amor de Deus que nos faz seus filhos em Jesus, Seu Filho, e a todos irmãos.

E a fraternidade está sempre exigindo novas atitudes de transformação para vencer tantos atentados contra a dignidade e a convivência das pessoas humanas.

A Segurança Pública torna-se campanha nesta Quaresma, Campanha da Fraternidade. Esta é a face pública, social da proposta cristã de vida nova em Cristo, vida nova para a convivência humana.

E por que a Segurança Pública? “Todas as pessoas aspiram por segurança e estão preocupadas com o problema da falta de segurança pública que se manifesta concretamente na violência, no trânsito, nos cárceres, no tráfico de drogas, de armas, de pessoas, nas desigualdades sociais, na fome, na miséria, na corrupção e em muitas outras situações. Essa legítima preocupação deve nos remeter à reflexão sobre tal questão, buscando identificar suas dimensões e suas causas.” (CF 09 – texto base, 7)

Nós dizemos que o povo brasileiro é um povo pacífico. Mas os acontecimentos diários e as notícias todos os dias veiculadas nos meios de comunicação social parecem desmentir esta afirmação que é feitas com tanta convicção e facilidade!

A Campanha é um chamado geral a ver a situação real de nossa existência. E a julgar com consciência humana honesta e a iluminação da Verdade da Fé. E será possível reverter a situação humana tão marcada pela violência que gera insegurança e tantas dores. Será possível para cada um? Será possível para a convivência humana em sociedade?

O grande objetivo da CF 2009 é dizer que sim. Há realmente esperança e futuro para uma humanidade de paz, quando pessoalmente e socialmente a mesma humanidade é levada às fontes mais profundas do ser humano e às energias mais vitais para a construção da segurança desejada: oportunidade de humanização da vida com a divinização dela mesma. Tudo é possível com o acolhimento da paternidade de Deus que funda a mais irresistível fraternidade, amizade, solidariedade, comunhão humana.

Por que perder a solução para a segurança da vida de cada um e da humanidade inteira? Por que não ir ao encontro desta fonte de força e luz que está disponível a quem a procura com sinceridade e empenho? Por que não nos colocar em Campanha para a Fraternidade? Todos somos chamados a contribuir para a construção da vida, da paz!

* Artigo publicado em 03.03.09 no Jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.
José Antonio Aparecido Tosi Marques
– Arcebispo de Fortaleza
arcebispo@arquidiocesedefortaleza.org.br

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