Nos dias atuais, em que o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro está crescendo, se impõe o desafio de divulgar e popularizar a ciência. O País precisa motivar a juventude a escolher carreiras ligadas à área, mas há um desconhecimento coletivo do que consiste ser um pesquisador e do que é necessário fazer para se tornar um.
Ilustrativo disso é a confusão quanto ao significado da abreviação Ph.D. Coloquialmente é consenso: refere-se à forma pomposa de adjetivar a competência de alguém. Mais precisamente vem do título doutor em filosofia (Philosophy Doctor) fornecido àquele que propôs e teve aceita uma tese de doutorado.
Mas por que então alguns que defendem tese de doutorado não são Ph.D? Simplesmente pelo fato de que Ph.D é uma abreviação usada em países de língua inglesa. Na França, por exemplo, para quem defende uma tese de doutorado dá-se o título de doutor em Ciências (Docteur ès Sciences) abreviado por D.Sc. Aqui no Brasil, os que defendem uma tese obtêm o título de doutor (abreviado por Dr.). Notem que essas abreviações (e outras menos reconhecidas) referem-se ao mesmíssimo título.
No Brasil, todo mundo é chamado de doutor (por razões como dinheiro, educação, poder ou autoridade). “Doutor” virou expressão de tratamento (principalmente por pessoas humildes) que substituem o pronome de tratamento “senhor”. Talvez por isso possa-se pensar que Ph.D é para algo maior do que o doutorado. Alguns pensam erroneamente se referir ao pós-doutorado.
O pós-doutorado refere-se a um estágio que pesquisadores, já doutores, fazem com objetivo de reciclagem. Não é correto chamar alguém de pós-doutor, pois o último e mais alto grau acadêmico é o de doutor. Embora mesmo na mídia esses enganos se reproduzam, já está na hora de usar os títulos corretos aos que os conseguiram com tanta dificuldade. Mas não precisa “super entitular” os doutores!
* Artigo postado em 24.08.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.