A Igreja prepara-se agora para recordar os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus. Isto significa, sobretudo, penetrar no mistério indizível da bondade de Deus e dos desígnios da providência divina, no sentido de dizer um muito obrigado pela dádiva de uma lição gratuita de humanismo, sem jamais se esquecer de seus dotes literários, bem como de sua mais alta psicologia e pedagogia, a causar enorme influência no conhecimento e sabedoria da criatura humana. Penso que o Quinto Centenário da reformadora e renovadora, seja um tempo de profunda graça interior, no qual a Igreja é chamada a reavivar o dom do fervor e do ardor na vida contemplativa, espiritual, pastoral e no anúncio do Evangelho.


Trata-se de uma grande festa de ação de graças pelo dom da mística de Teresa D’Ávila, totalmente ofertado à Igreja, numa figura humana marcada pela graça da santidade, tão inteligente e capaz, a ponto de reformar e renovar o interior da Igreja, consciente de que a mesma, embora na sonhada busca pela perfeição, pureza e lisura, é uma Igreja santa e pecadora, sempre necessitada de conversão. Ela buscava incessantemente a vida interior, a qual tão bem descreveu como um castelo de sete moradas, no qual Deus habita no mais alto nível. Neste sentido, assim rezava: “Nada te perturbe. Nada te amedronte. Tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta!”

              


Diante de uma criatura humana exemplar e referencial atemporal como Teresa D’Ávila, um verdadeiro milagre do inefável mistério de Deus, falta-nos a palavra perfeita para expressar o significado dessa preparação para a completude de seus 500 anos de existência (1515-2015). Não tenho dúvida alguma tratar-se de uma mulher fortemente imbuída do Espírito de Deus, assim percebo o interior de nossa irmã D’Ávila: “Como a corça que suspira pelas águas da torrente, assim minha alma suspira por vós, Senhor. Minha alma tem sede do Deus vivo” (cf. Sl 42, 1). Suas belíssimas reflexões nos fazem pensar que temos tudo o que precisamos à mão, agora mesmo, para realizar o projeto de Deus: “O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas“. Santa Teresa também nos indaga sobre a superficialidade de nossos sentimentos: “O verdadeiro humilde sempre duvida das próprias virtudes e considera mais seguras as que vê no próximo”.


Como é maravilhoso comemorar os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus em um conjunto de iniciativas de âmbito espiritual e cultural, com exposições, cursos e peregrinações. O Papa Francisco concedeu a graça da sua bênção a todos os fiéis que “verdadeiramente arrependidos e movidos pela caridade” assistam aos Rituais Sagrados em datas específicas, a saber: Início do Ano Jubilar, a 15 de outubro de 2014; no dia de Natal, 25 de dezembro; e em 2015, no aniversário do nascimento de Santa Teresa de Jesus, dia 28 de março; no dia de Páscoa, a 5 de abril, e no encerramento do Ano Jubilar a 15 de outubro de 2015.

 


Mais ainda, o Papa Francisco decretou um Ano Jubilar por ocasião do Quinto Centenário do nascimento daquela que afirmou: “Senhor, sou uma filha da vossa Igreja e como filha da Igreja Católica quero morrer”; sendo considerada fundadora dos Carmelitas Descalços juntamente com São João da Cruz. Bendito seja Deus por suas santas criaturas!

 

*Padre Geovane Saraiva é da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here