Nós que moramos neste lado do planeta ficamos de bobeira quando assistimos algum documentário sobre o hinduísmo ou até sobre o islamismo. É comum achar tudo muito estranho. Em 1990 decidi morar um tempo no exterior. Vendi um carro Puma que tinha, pedi afastamento por tempo indeterminado das TVs que trabalhava e fui parar na Índia, Nepal e países europeus.
Na Índia, além de estar inserido num ambiente radicalmente diferente em todos os aspectos, notadamente o alimentício, urbanístico e cultural, com ajuda de um amigo que traduzia tudo, percebi e fiquei pasmo com o quase desconhecimento dos indianos acerca da figura de Jesus. Alguns mais instruídos diziam algo, o posicionando mais como profeta, um ser evoluído, que pensava diferente deles.
Meditando sobre este assunto, percebo que vivemos nossas realidades e não damos muito cabimento para outras, salvo raríssimas exceções. Sem buscar explicações mais aprofundadas aqui, revelo que sempre tive uma queda pelas coisas do Oriente e, não foi difícil tentar colocar em prática vários ensinamentos que ao longo da vida fui bebendo de fontes hindus como Krishna, Rama, Yogananda e Sai Baba.
Na estadia pela Índia estive na presença do que chamamos de guru, o Sathya Sai Baba. No começo foi um encontro suave, mas, logo no primeiro momento percebi um olhar severo dele em minha direção, traduzindo hoje como um puxão de orelhas do tipo: – “tome jeito seu cabra!”
Ao voltar para o Brasil comecei a ler mais sobre Sai Baba e, lentamente percebi de maneira real, sua presença em minha vida, passando a vivenciar sua mensagem espiritual e direcionando minha vida cada vez mais para a prática real do bem.
As obras humanitárias de Sai Baba são imensas, água encanada para todo o sul da Índia, implantação do método de educação em Valores Humanos, o Educare, com fundação de escolas do jardim até o MBA em vários países, tudo de graça, incentivo aos esportes, a não-violência, observância de valores humanos, respeito à família, a nação, a natureza e aos animais, com regras de conduta sérias e comemoração de datas festivas de todas as religiões.
Sai Baba morreu domingo de páscoa, octogenário, de maneira simples, levava uma vida austera, saiu da Índia em raríssimas ocasiões fisicamente e cuidava de cada um dos seus devotos de maneira carinhosa, mantendo intensa atividade diariamente desde a infância, quando começou sua missão, que continuará no futuro em nova encarnação como Prema Sai.
Além de escolas e universidades, fundou hospitais e ajudou o quanto pode milhões de pessoas de diversas maneiras. Em várias fases de minha vida senti sua mão amiga me conduzindo pelos caminhos do bem, creditando a grande luta para edificação e agora manutenção da Casa do Bem a sua constante presença divina a meu lado.
Continuo admirando seres como Jesus, Buda, Yogananda, Krishna, Osho e Gandhi, entre outros, mas é através de Sai Baba que vivencio o lado espiritual da vida, pois sinto sua presença verdadeira a meu lado.
Tenho certeza que no planejar, executar e finalizar de cada ação do bem, a meu lado, abaixo e, acima, Swami vai estar ali coladinho, grudadinho, sorrindo, materializando amor e o espalhando generosamente aos quatro ventos, pois, foi esse o maior milagre que fez o tempo todo: amar a todos, servir a todos.
* Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)