Entre os condicionantes fundamentais da promoção da saúde e garantia da longevidade, estão os cuidados físicos, químicos e biológicos. A evidência da necessidade de prevenção em cuidados especiais com os riscos físicos, principalmente, vem se tornando cada vez maior na medida que a nossa longevidade aumenta. Nos países desenvolvidos esses cuidados têm crescido e melhorado de uma maneira vertiginosa.
As estatísticas européias, canadenses e americanas revelam que, mesmo assim, as probabilidades de acidentes e quedas dos idosos com fraturas de bacia e colo de fêmur são altamente preocupantes. Podem ocasionar que até 50% dos fraturados não mais se levantam e destes até 10% possam morrer no primeiro ano após o acidente. Uma estatística que chega a ser superior à morte por acidente vascular, primeira causa de morte, em pessoas acima de 80 anos de idade. Daí a explicação simples do aumento extraordinário de medidas preventivas governamentais e privadas, com o desenvolvimento fabuloso da indústria contra os acidentes físicos, que passou a ser uma das maiores nos Estados Unidos. No Brasil também foi comprovado que mais de 50% dos idosos com mais de 80 anos caem uma vez por ano.
Como membro da “Associação Internacional de Casas e Serviços para os Idosos-“ (IAHSA), participei há poucos anos, na Flórida, do maior congresso de tecnologia e saúde em minha longa vida profissional, com mais de 80 mil participantes e uma extraordinária programação e exibição tecnológica onde pude comprovar a enorme importância dada ao assunto: a queda nos idosos.
No sul do Brasil a preocupação com o assunto tem aumentado bastante, principalmente a partir do trabalho da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). No Ceará, infelizmente, apesar da ação da SBGG-CE na área da saúde pouco tem sido feito nas áreas públicas e privadas e isto não parece preocupar. Qual o edifício residencial ou condomínio interessado no assunto? Quais os fabricantes e lojas especiais de produtos para prevenir os acidentes com os idosos? Riscos físicos em velhos? Que importância tem isso? E o pior: que autoridade municipal ou estadual está interessada em melhorar as calçadas, passeios e avenidas e retirar a sujeira para prevenir as quedas? Triste do velho como eu que sai de casa distante três quadras da praça do Hospital Militar para caminhar. E em lá chegando? Que tristeza!
A nossa nova e grande esperança é que agora com a questão ambiental atingindo a sua desejada importância os riscos físicos estejam concebidos dentro da nova concepção de ecologia integral relacionada à saúde. Que a ecologia pessoal, social e ambiental estimule o conhecimento e as práticas preventivas e os cuidados com os riscos físicos. É o cuidado com o ambiente da casa, rua, quadra, bairro, cidade e, mais ainda, com o nosso próprio corpo (alimentação saudável, movimentação física, respiração adequada, sono e repouso necessários) e também o cuidado com outros seres humanos nossa grande esperança. Que os profissionais de saúde e das áreas tecnológicas e sociais se integrem em nossa (SBGG-CE) grande luta contra os riscos físicos para a melhoria da qualidade de vida e maior longevidade ativa, criativa e saudável. E que, principalmente, os nossos próximos eleitos lembrem-se disto e façam o que é preciso e têm o dever de fazer. Viva o ambiente! Viva a vida!
* Artigo publicado em 03.03.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.