Muitos estão perguntando o que significam expressões, que agora estão cada vez mais presentes e atuantes, como: “saúde e responsabilidade social”, “promoção da saúde com satisfação de viver”, “saúde corporativa”, “saúde com qualidade de vida” e outras. E já estamos muito atrasados na tentativa de desenvolvermos mais ações e projetos dirigidos com estas finalidades. É exatamente a falta de um “sentimento” de cidadania dirigida para o público não governamental que nos diferencia dos países mais desenvolvidos. Fomos orientados, durante muitos anos e ainda continuamos, para um “público-governo” em que os bens são na maioria de “propriedade governamental”. Quase tudo é de responsabilidade do governo. A rua e a praça, símbolos da nossa sociedade, são “para” e não “do” povo. E é isto que faz a grande diferença.
Esta praça deve ser do povo e não apenas para o povo. Esta praça é nossa! E não do governo para o povo. O Governo constrói esta rua para o povo, que passa a ser o seu dono. Porque o povo lhe deu o direito e a responsabilidade para isso. O governo faz porque nós queremos que faça a praça e passa a administrá-la porque nós lhe damos essa função. E muitas praças nós mesmos iremos administrá-las. E, como praças, também estão hospitais, centros de saúde, ambulatórios, campanhas de saúde pública e muito mais. Desse direito nasce em contrapartida: a nossa responsabilidade social individual e coletiva;
E isto em saúde é de suma importância porque são muitos os direitos que temos de adquirir, assumindo muitos deveres e funções que darão muito trabalho. Esta praça sendo minha, tenho de ajudar a limpá-la e conservá-la. E toda uma nova conduta social aparece. E muitas palavras novas tomam sentidos mais rigorosos e valorosos como o da responsabilidade individual e coletiva. As organizações particulares, muito mais “inteligentes” estão, rapidamente, adotando a prática da responsabilidade da “saúde corporativa”, como já destaquei em artigo anterior quando fui convidado para participar de vários de seus programas. Os resultados têm sido enormes e de grande significado no sul do país.
Nos países desenvolvidos já não basta que as pessoas tenham somente saúde, mas sim que alcancem saúde com qualidade de vida, longevidade saudável e com satisfação de viver. E assim crescem as nossas responsabilidades individuais no Índice de Desenvolvimento Humano, Promoção da Saúde, Qualidade de Vida, Extensão da Vida, Longevidade Digna, etc. Alguns desses conceitos começaram a ser falados em nosso país mas muito pouco tem sido feito.
É necessário correr para compensar o prejuízo caso contrário, ficaremos sempre perdendo o bonde que passa. Desculpem o lamento. É que tenho sofrido muito nos últimos anos de luta pela nossa responsabilidade pública, mas também individual sobre Qualidade de Vida, Promoção da Saúde e Longevidade ativa, criativa e saudável. Os políticos têm prometido muito e pouco feito. O tempo está passando e o brasileiro ficando velho (como eu próprio) com um ótimo Estatuto do Idoso sem ser aplicado. Até quando?
Desculpem o meu “Delenda Cartago”, mas como “água mole em pedra dura tanto bate até que fura…”
Antero Coelho Neto
– Médico e professor e diretor do IQVida
acoelho@secrel.com.br