Mais um feriado de 15 de novembro e, apesar do desinteresse geral, alguns ainda desejam falar do assunto Proclamação da República. É data cívica, rememorativa da instauração da forma de governo republicana, marco de mudanças institucionais de grande relevo para nossa história e gerida por um sistema presidencialista que, em grande parte de sua cronologia, albergou ditadores. Mas a República no Brasil precisa despertar nos cidadãos seu sentido etimológico. Daí o título latino, significando “coisa pública”. Ou seja, organização política de um Estado visando ao interesse comum, servir à coisa pública.


As teorizações sobre formas de governo, sistemas de governo, tipos de direitos, caracteres das formas de cidadania devem ser traduzidas, por estudiosos e gestores, em modelos práticos de educação das crianças e jovens, e, por que não dizer adultos, no sentido da proteção e preservação dos espaços, bens e instituições públicas. Exemplos positivos seriam sistematicamente divulgados nos meios de comunicação e premiados por organizações da sociedade civil, órgãos e entidades públicas. Desse modo, uma nova geração educada nas práticas republicanas deixaria para trás a triste memória dos vandalismos nos estádios de futebol, a indiferença dos que sujam as ruas, a arrogância dos maus condutores de veículos, a corrupção dos administradores, os servidores públicos que não servem, os representantes do povo que não os representam…Enfim, a tão elogiosa conduta republicana precisa sair dos discursos e ocupar o espaço público, para que República no Brasil deixe de ser data para ser patrimônio coletivo.


Marcos José Diniz Silva – historiador e professor da Uece
*Artigo veiculado no Diário do Nordeste, em 15 de novembro de 2012. O texto é reproduzido neste site com autorização do autor.

 

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