Eusébio, Juazeiro do Norte e Fortaleza, nesta ordem, são as 3 cidades com os maiores indicadores de qualidade de vida no Ceará, conforme o Índice de Progresso Social (IPS) Brasil 2024, divulgado neste mês. O relatório avaliou os dados de todos os municípios do País e aponta os principais desafios sociais das localidades.
Para elaborar a lista, são analisados 53 indicadores distribuídos em 3 grandes dimensões: Necessidades Humanas Básicas, como alimentação, segurança e saneamento; Fundamentos do Bem-Estar, incluindo saúde; e Oportunidades, como acesso à Educação Superior.
Com base em dados oficiais dos Ministério da Saúde e IBGE, por exemplo, são estabelecidas notas de 0 (pior) a 100 (melhor). De modo geral, o Ceará aparece com índice de 59,71, sendo o 3º melhor resultado entre os estados do Nordeste, atrás de Sergipe (61,20) e Paraíba (60,11).
Confira o ranking das 12 cidades com melhores índices do Ceará
Eusébio: 64,79
Juazeiro do Norte: 64,58
Fortaleza: 64,42
Crato: 62,86
Sobral: 62,51
Altaneira: 62,47
Granjeiro: 62,01
Pacujá: 61,49
Brejo Santo: 61,24
Iguatu: 61,1
Nova Olinda: 60,95
Icó: 60,72
O estudo foi desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em parceria com Fundación Avina, Amazônia 2030, Anattá Pesquisa e Desenvolvimento, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative.
Confira os fatores analisados
Necessidades humanas básicas: Nutrição e Cuidados Médicos Básicos; Água e Saneamento; Moradia; Segurança Pessoal
Fundamentos do Bem-Estar: Acesso ao Conhecimento Básico; Acesso à Informação e Comunicação; Saúde; Qualidade do Meio Ambiente
Oportunidades: Direitos Individuais; Liberdades Individuais e de Escolha; Inclusão Social; Acesso à Educação Superior
Os indicadores apresentados são relevantes porque não avaliam apenas a renda e produção de riquezas, mas fatores como Educação, Saúde e Meio Ambiente, como pontua Alesandra Benevides, coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral
“De alguma forma, chama atenção dos gestores públicos para que se façam políticas públicas que melhorem esses índices. Nenhum prefeito com o seu município mal classificado vai gostar de ver a gestão avaliada desse jeito”, acrescenta.
O geógrafo Alexandre Queiroz Pereira, membro da Rede Observatório das Metrópoles e colunista do Diário do Nordeste, contextualiza que os resultados também permitem acompanhar a situação individual do município e estabelecer comparativos. “Esse tipo de informação é usada em estudos técnicos para avaliar se políticas de governo têm impacto na vida das pessoas. Com uma escala de tempo, dá para pensar nessas mudanças e reavaliar políticas públicas”, completa.
O que os resultados mostram
Alexandre não vê com surpresa o fato de a capital cearense não estar em primeiro lugar no Estado. “Os índices consideram as desigualdades sociais e no nosso caso, essa heterogeneidade é marcada por uma desigualdade social e de renda que se reflete em oportunidades e nos estudos”, acrescenta.
Dessa forma, o recorte de pessoas vivendo em moradias precárias, com baixa escolaridade e na informalidade tem maior escala na capital também pela concentração de pessoas. “Qualquer percentual de Fortaleza equivale a milhares e até milhões de pessoas”, pontua Alexandre.
Já o Eusébio, na Região Metropolitana, passou a ser interessante para a classe média como uma alternativa de moradia no mercado imobiliário. “Eusébio cresceu numa lógica de homogeneidade social e isso provavelmente leva a que haja uma inflação desses índices sociais positivos”.
Como avançar?
Aumentar a qualidade de vida nos municípios cearenses depende de uma estrutura forte de governo, como avalia o geógrafo. “Uma estrutura social que pense em investimentos e recursos não numa lógica econômica, mas de correção dessas desigualdades”.
Alexandre exemplifica a rede de escolas públicas que consegue alcançar diversas localidades. “Precisamos consolidar escolas de municípios pequenos com bons resultados, é possível levar dinâmicas modernas para pequenas cidades, trabalhar as ciências produtoras de conhecimento”.
Para Alesandra, os detalhamentos do estudo mostram que faltam políticas públicas para melhorar a qualidade de vida da população. “Dentro de um contexto eleitoral que vamos viver mais intensamente a partir do próximo mês, eu gostaria que esse tipo de índice fosse debatido entre os candidatos com ideias que funcionassem efetivamente”.
No Ceará, como analisa, existem 3 prioridades. “Precisamos melhorar a segurança pública, a parte nutricional, ambiental com o Estado em processo de desertificação e os gestores passam por cima desse problema, como se não fosse nos afetar”.
Sobre o estudo
O Índice de Progresso Social Brasil foi elaborado e lançado pela primeira vez em 2024 com avaliação da qualidade de vida e o desempenho socioambiental dos 5.570 municípios brasileiros. A proposta é ser uma ferramenta de gestão territorial baseada em dados públicos, que identifica e apresenta, em uma mesma escala, se as pessoas têm o que precisam para prosperar;
Para isso, são avaliadas necessidades básicas como abrigo, alimentação e segurança, acesso à informação e comunicação, e se as pessoas são tratadas igualmente sem diferenciação por gênero, raça ou orientação.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste