A prática de programas e ações para a melhoria da qualidade de vida nos hospitais brasileiros tem sido uma luta muito difícil. Há vários anos o tema passou a ser uma busca importante para algumas organizações de saúde em todo o mundo. Infelizmente não temos tido o necessário desenvolvimento em nosso país. Tivemos, e temos ainda, algumas importantes tentativas que deixaram resultados sim, mas não o suficiente e permanente. É necessário mudar a forma como alguns profissionais brasileiros de saúde se posicionam frente aos seus objetivos de trabalho: a vida, a saúde e o sofrimento das pessoas enfermas.

 A experiência mundial tem revelado que as principais queixas dos internados são: sintomas físicos (dor, astenia, dispneia, náuseas), dificuldades de locomoção e condições emocionais e cognitivas. Quanto à saúde, propriamente dita, vale a promoção da saúde. A vida é o fundamental procurado e de responsabilidade da equipe de saúde.

Com a experiência adquirida na prática da qualidade total em vários países da América Latina, temos desenvolvido um modelo de Planejamento Estratégico para a Melhoria da Qualidade Organizacional, no qual o desenvolvimento da melhoria da qualidade de vida hospitalar tem sido de significativa importância.

Da mesma forma encontramos, em algumas cidades do País, outras experiências organizacionais referidas por bons profissionais especializados em Qualidade de Vida (QV). O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar foi um programa da Secretaria de Assistência à Saúde, do Ministério da Saúde, de 2000 até 2002. Em 2007 teve novo impulso com a participação de muitos hospitais, principalmente em alguns Estados, com bons resultados.

Mas, como acontece muito em nosso país, projetos governamentais não são continuados pelos novos governantes, mesmo que sejam exitosos. E, na grande maioria dos hospitais privados, a proposta não foi seguida. E a pergunta que fazemos é: a assistência hospitalar chega a ser “deshumana”? Talvez esta denominação tenha sido difícil de aceitação por muitos hospitais. E a resposta seria: a nossa assistência já é humana e não necessitamos desse Programa. Vamos então desenvolver programas de melhoria da qualidade de vida dos doentes, profissionais de saúde, cuidadores, pessoal da administração, além da “humanização” do ambiente hospitalar?

Os elementos condicionantes de boa QV já são conhecidos e, portanto, de mais fácil aplicação e aceitação. E todos vão ganhar. Humanizar será pouco. Vamos também é qualificar os humanos. E, no momento em que o país sofre uma grande crise hospitalar e da atenção da saúde em geral, é muito válido lembrar da prática operacionalidade e dos resultados positivos dos programas de melhoria da QV hospitalar já conhecidos e exitosos em muitos países do mundo. Sendo de fácil aplicação e de custos relativamente baixos, com certeza, vão fazer a felicidade de muita gente e, mais ainda, dos secretários de saúde do País. Querem apostar comigo? Quantos reais?

* Artigo publicado originalmente no jornal O Povo de 2 de novembro de 2011 e reproduzido neste site com autorização do autor

Antero Coelho Neto é Professor, médico e presidente da Academia Cearense de Medicina – acoelho@secrel.com.br

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