As crianças não deveriam morrer. Foram feitas para viver, serem cuidadas, protegidas, amadas. Elas deveriam ser imunes a problemas de saúde e acidentes. Deveria ser garantido que chegassem à adolescência e à vida adulta. Sob hipótese alguma deveriam ser vítimas da violência sexual. Mas as crianças morrem, por doença, acidentes, abandono, violência sexual.


Em momentos como este que o Ceará vive, diante da brutalidade que envolve o caso da pequena Alanis, todos se sentem indefesos, acuados… Entretanto, a despeito do choque provocado pelo fato, do ponto de vista coletivo, os sentimentos não podem se limitar ao lamento ou à raiva.


A discussão em torno dessa tragédia social deve suscitar debates sobre o acompanhamento, ou a falta dele, para pessoas que já cometeram crimes dessa natureza; para o olhar social que a comunidade deve ter quando vê um homem acompanhado de uma criança e agindo de modo estranho; para os casos de exploração sexual de crianças e adolescentes.


O importante, agora, é evitar que outros casos aconteçam. O momento é de estimular uma discussão mais profunda & para além do factual & em torno dos valores humanos. O Unicef vem elaborando uma metodologia de trabalho para formação de uma rede de proteção comunitária que proteja e permita que cada criança cresça e se desenvolva com dignidade. Se a sociedade não aprofunda o debate sobre esses valores, acaba, infelizmente, apenas se deixando surpreender a cada tragédia social.


* Artigo publicado em 27.01.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização da autora.

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