Fio que trança palha. Fio que borda o crochê. Fio da linha do richelieu. Tem o fio que trama; tem o feminino; tem o sotaque da gente; e um jeito carinhoso de convocar. A apresentação traduz a essência do FIA {oficina de artesãs}. O projeto entrelaça histórias. Segundo os idealizadores, o FIA “reúne, conversa, abraça, entrelaça. Confia na beleza, encomenda a gentileza, coloca a mesa, enfeita a casa, faz a festa. São objetos que guardam gestos”. São poesia e afeto desenhados à mão.


O projeto nasceu com a proposta de repensar os laços entre mercado, artesãos, designers e público. A ideia surgiu durante oficinas promovidas pela Prefeitura de Sobral (Ceará) e pelo Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (IADH) para artesãs de Sobral e comunidades da região. Os encontros foram ministrados pela designer Celina Hissa, diretora da marca Catarina Mina. Durante meses de trabalho, a Celina e os grupos de mulheres trocaram muitas ideias, desenvolveram peças e afinaram suas técnicas. O objetivo nessa etapa inicial foi aprimorar o fazer artesanal e potencializar a rentabilidade do trabalho das artesãs.


“Ao final das oficinas, com uma mini coleção criada e peças-piloto prontas, veio à tona o principal desafio: como fazer com que aquelas peças, tão bonitas, feitas com tanto carinho e vontade chegassem até o consumidor final? E mais: como fazer com que as pessoas que se dedicaram ao artesanato – e que reinventaram seus processos – pudessem se sentir encorajadas, confiantes e seguras, inclusive financeiramente, com aquilo que produziram?”, recorda Celina.


No decorrer do trabalho, outras reflexões e questionamentos. Como criar novos modelos de negócios para o design no Brasil? Como refletir sobre formatos de comercialização tradicionais e minimizar os custos de intermediários em toda a cadeia do artesanato? Como garantir que o artesão receba um valor cada vez mais justo por seu fazer? E como colocar este artesão em contato direto com o consumidor, que encontra nessa relação de confiança e apoio mútuo um produto a um preço acessível?


Diante dos desafios, Celina acionou a especialista em marketing e comunicação, Lívia Solomoni. Somando os esforços, as duas buscaram ajuda com outros profissionais. “Assim foi proposto um projeto de financiamento coletivo que contava com o apoio da Catarina Mina, para ser viabilizado e para o qual convidamos a Lívia Salomoni, especialista em marketing e comunicação, como principal parceira para juntos executarem essa ideia”, conta a designer.

Financiamento

Ao decidir apoiar o projeto no Catarse e fazer uma encomenda, o consumidor passou a ser protagonista de uma etapa muito importante da produção artesanal: a comercialização. Muitas vezes, os artesãos se desestimulam a fazer novas peças por não haver venda garantida. Por outro lado, o ritmo próprio do trabalho artesanal não condiz muito com a produção acelerada, e com a venda em grandes quantidades.

 

Celina explica que a meta inicial de arrecadação era de R$ 25 mil. Contudo, o projeto arrecadou R$ 36.573. No final do ano passado, as artesãs receberam uma média de R$ 19 mil, referente somente aos honorários do fazer artesanal, que as ajudou na compra de alguns materiais. “Esse ano, algumas artesãs já estão conseguindo uma renda fixa. Apesar do sucesso, entendemos o projeto como um começo. Ainda temos muito a avançar. Para esse ano, temos artesãs confiantes, teremos fundos solidários e pretendemos dar continuidade ao desenvolvimento da coleção. Contando com novos apoios e parcerias que já começaram a surgir no momento de campanha. Precisaremos sempre contar com o consumidor. Acreditamos que a economia afetiva e o consumo consciente são essenciais para fazer essa ideia dar certo”, pondera Celina.


O mercado, destacou a designer, deu uma resposta positiva ao projeto. “O mercado e amigos não só receberam bem o projeto como incorporaram a ideia. Eles são o projeto. Tudo partia do princípio de que é necessário repensar os laços de compra e venda. Não podemos nos entender como consumidores, e sim como parte ativa de uma cadeia, cuja ação de participar, não só consumindo, pode fazer a diferença e criar sociedades mais sustentáveis, felizes”.  


De acordo com ela, a iniciativa se torna viável ao incluir o consumidor como protagonista no sucesso de um projeto. “A partir da conversa (conceito explorado pela Catarina Mina no início deste ano com a campanha #umaconversasincera) podem se estabelecer relações melhores. Acreditamos que o diálogo aberto com o outro viabiliza soluções, e que a economia afetiva pode reinventar nossas formas de consumo. Principalmente no caso do artesanato, a reinvenção desse fazer e sua continuidade na nossa cultura precisa ser entendido como algo que depende de várias mãos”, analisa Celina.

Desafios do artesanato

Segundo Celina, o artesanato passa de geração em geração, mas, hoje, a continuidade dele depende de um olhar atento para valorizar o tempo dedicado pelas artesãs ao ato de fazer. “Essa valorização precisa ser não só do produto final, mas precisa nos convidar a olhar para quem faz, um olhar para o artesão e uma valorização financeira do seu tempo”, reflete.

 
Saiba mais

O projeto ainda conta com embaixadores para disseminar a ideia, como Jackson Araujo (SP), Pedrinho Fonseca (PE), Mariana Marques (CE), Ney Filho (CE), Milena Holanda (CE), Fernando Barroso (CE), Elisa Bezerra (CE). FIA tem também a participação e o apoio de vários profissionais que compõe da ficha técnica desta ideia, como:

Haroldo Saboia – Imagens (Fotografia e vídeo), Lucia Evangelista – Textos e roteiro do vídeo, Astronauta Marinho – Trilha do vídeo e Paulo Junior (Caramelo Comunicação) – Assessoria de Imprensa

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*Foto: Haroldo Saboia

 

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