O Morro do Santiago faz parte da bela paisagem da cidade de Fortaleza, todavia, já foi cenário de crimes por ser considerado ponto de tráfico de entorpecentes onde atuam facções criminosas e comércio de armas. Em meio a realidade dura e contraditória, há quem queira mudar essa situação. No projeto Aqui tem Sinal de Vida, crianças e adolescentes têm acesso à leitura, oficinas de aprendizagem, equipe para orientar em relação aos cuidados com a saúde, esporte e cidadania.




Foto: Divulgação / projeto


A motivação para criar o projeto vem do otimismo em acreditar no potencial de cada um dos moradores


A Barra do Ceará é o bairro mais antigo de Fortaleza e está localizada na região oeste do município. Nasce do encontro do rio com o mar e proporciona uma vista deslumbrante. A paisagem bela e que transmite paz vai de encontro com o índice de violência e escassez que estão submetidos os moradores do segundo bairro mais populoso da cidade.


O Morro do Santiago faz parte da bela paisagem, todavia, já foi cenário de crimes por ser considerado ponto de tráfico de entorpecentes onde atuam facções criminosas e comércio de armas. Em meio a realidade dura e contraditória, há quem queira mudar essa situação e trabalhe voluntariamente para isso. Estamos nos referindo ao projeto Aqui tem Sinal de Vida. Crianças e Adolescentes têm acesso a leitura, oficinas de aprendizagem, equipe para orientar em relação aos cuidados com a saúde, esporte e cidadania. A comunidade participa ativamente das ações.


Uma das voluntárias do projeto é a estudante de medicina Lúcia Lara. Em entrevista à Agência da Boa Notícia, ela fala sobre a atividade e do problema da falta d’água no morro. “Sou participante da Liga de Saúde da Família da Universidade Federal do Ceará (UFC) e, para nós da liga, o projeto é uma imensa oportunidade de aprendizado. Já fizemos uma primeira oficina, de alimentação saudável e higiene que teve mais um caráter de reconhecimento do território. Foi profundamente importante para todos nós em função do aprendizado sobre a realidade da população na comunidade, que vive sem água encanada. Essa realidade, por mais que conhecida teoricamente, nunca pode ser imaginada em toda sua dimensão por pessoas que nunca viveram isso. É fundamental para a formação de futuros médicos que se conheça a realidade da vida das pessoas. Sem isso as ações de saúde estão fadadas ao insucesso” , relata Lúcia que já participou de outras atividades no Morro.


A Agência da Boa Notícia conversou com a equipe organizadora do projeto, que detalhou o trabalho desenvolvido na comunidade.

(Agência da Boa Notícia)  Quando e como surgiu o projeto? Como se deu o envolvimento da comunidade?
Projeto Aqui tem Sinal de Vida –  O projeto surgiu entre agosto/setembro de 2015, a partir de uma conversa entre alguns moradores com os profissionais que de alguma forma atuavam na comunidade. Médicos, agentes comunitários de saúde e educadores sociais que já possuíam vínculos com a comunidade, a partir de trabalhos desenvolvidos na área social. Nesse diálogo, os moradores manifestaram interesse em implantar uma biblioteca comunitária no Morro, um espaço de cultura, convivência. A ideia era criar um espaço voltado para os estudos, realização de atividades lúdicas e educativas e ponto de encontro para reuniões dos moradores. O envolvimento com a comunidade já existia. A ideia do projeto surge a partir dessa relação já estabelecida que, tende a se fortalecer com o andamento do mesmo.

(ABN) Quais os problemas, identificados pelo projeto, no Morro do Santiago?

Os problemas identificados são praticamente os mesmos que podemos encontrar em qualquer bairro de periferia das grandes cidades brasileiras: a ausência do acesso aos serviços públicos. No Morro de Santiago, por exemplo, água e coleta de lixo não são acessíveis para todos. A motivação para criar o projeto vem do otimismo em acreditar no potencial de cada um dos moradores e colaboradores. Os “problemas” são sempre muitos, mas nosso foco é direcionado para o “fazer”. Queremos fazer, fazer mais, fazer bem e, assim dar visibilidade às potencialidades de todos e todas. Não focamos nos problemas, focamos nas pessoas. Como podemos ajudar a tornar a vida na comunidade melhor? Como podemos contribuir para que as pessoas que lá vivem, exerçam suas potencialidades? Essas são as questões que buscamos responder.




Foto: Divulgação / projeto


O projeto tem ajudado a fortalecer o senso de comunidade entre os moradores.


(ABN) Quantas crianças e adolescentes são atendidos? Quais são as atividades desenvolvidas?

Não temos ainda o número de pessoas que participam das atividades. Não entendemos como atendimento, mas como participação, colaboração. Já realizamos atividades lúdicas como contação de história, vivência de ritmos, palhaçaria, oficina de confecção de sabão, de feitura de arraia, serviços variados de saúde, oficina de fotografia, atividades com grafite, brincadeiras, dias de reforço escolar, atividades lúdicas sobre prevenção de doenças, oficina sobre alimentação saudável e higiene, campeonato de bila, torneios esportivos, além de vivências e trocas com outras iniciativas, como com o pessoal d’O Pequeno Nazareno em uma atividade em que jovens do Morro foram até o sítio para realizar oficina de arraia.  

(ABN) A equipe que trabalha no projeto é formada por voluntários? Quantos são? Quem são os apoiadores?

Todos que trabalham no projeto são voluntários que acreditam na proposta. O número varia, pois muitos são os parceiros que propõem atividades, que realizam ações, que buscam ajudar por meio dos conhecimentos partilhados. E consideramos apoiadores essas pessoas e grupos que chegam junto para propor e vislumbrar o potencial daquele território, como a Rede Cuca, a Liga de Saúde da Família, Médicos Populares, Casa do Conto, Pequeno Nazareno, coletivo Ainda Existe Amor em Fortaleza, equipe de saúde da família da unidade Lineu Jucá, além de pessoas que propõem atividades e as realizam no espaço da Biblioteca.


(ABN) Quais os avanços já conquistados com as atividades do projeto? E as dificuldades?

Os avanços são muitos e já são visíveis. O projeto tem ajudado a fortalecer o senso de comunidade entre os moradores. O cuidado com o espaço onde a biblioteca funciona, o respeito entre as pessoas, a compreensão da importância do “fazer junto”, etc.

O projeto tem movimentado a comunidade levando atividades culturais diversas, mudando um pouco a rotina dos moradores.

     
Serviço

Projeto Aqui tem Sinal de Vida

Morro do Santiago – Barra do Ceará

aquitemsinaldevida@gmail.com
www.facebook.com/aquitemsinaldevida/

 




 

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