Ao contrário do Brasil, seu povo nunca esteve deitado eternamente em berço esplêndido. Sempre lhe faltou tudo. Sempre foi “capado e recapado, sangrado e ressangrado”, como disse Capistrano de Abreu. Mas sempre lutou, resistiu ao longo de nossa história. Todavia, suas revoltas e rebeliões não constituíram pressão suficiente para mudar a ordem econômico-social e a elitista estrutura política.


Hoje, porém, nesses vinte oito anos que nos separam do fim do regime ditatorial civil-militar, uma nova geração emergiu em condições de falar alto pelos direitos sonegados, fazendo ecoar o grito das senzalas, o gemido dos cabanos, a dor dos que morreram de fome, sede e desprezo dos governantes que sempre destilaram belos discursos de progresso e luzes. As assombrosas manifestações de rua, que têm reunido milhares e dezenas ou centenas de milhares de brasileiros de todas as idades, especialmente estudantes, iniciadas em junho e tendo como palco a Copa das Confederações, são a resposta cívica a essa cultura política equivocada, excludente e conservadora.


Está clara a síntese de suas reivindicações. Uma desejada revolução governamental nas prioridades nacionais: saúde, educação, transporte público, moradia e segurança. Estarão os governantes e os parlamentares assistindo a esse gigante levantar-se e dizer ao mundo que tem fome de justiça, enquanto se destinam bilhões de reais para negócios faraônicos de legados duvidosos e para abastecer fortunas de megaempresários?


Marcos José Diniz Silva, historiador, professor da Uece.

*Artigo veiculado no Diário do Nordeste, em 14 de julho de 2013. O texto é reproduzido neste site com autorização do autor.

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