Permeabilidade pode ser também chamada de honestidade intelectual. Impermeáveis são aqueles que se apresentam para o debate, ou para  a produção jornalística, com ideias e pré-concepções que não se curvam jamais a qualquer argumento lógico que encontram pela frente. Ser permeável náo significa fraqueza de opinião, falta de convicção,  mas ter o espírito aberto para ouvir o contraditório e até mesmo aceitar algumas mudanças em seus pensamentos originais. A linguagem sectária e inflamada é incompatível com um jornalismo que busca incessantemente a isenção, equilíbrio e ética. Certezas absolutas e inegociáveis  são incompatíveis com o ideal de informar a sociedade.


 

O debate na nova Ágora, a rede social, não pode viver da violência verbal ou ataques de hackers que inutilizam páginas na internet, invadem o conteúdo original  ou escrevem o que querem sobre o que já está escrito, Não respeitam os espaços existentes para o exercício do contraditório. O terreno ético e moral é sempre movediço e os jornalistas não podem descuidar dele. A organização dos jornalistas em tribos, torcidas, falanges ou o nome que tenham, é o caminho mais curto para pisar na verdade e impedir que o diálogo prospere. A riqueza está na diversidade de opiniões sobre os memso temas e não na sua unicidade. Há inúmeros exemplos históricos onde a unicidade foi testada e resultou no fim da democracia, no direito a liberdade de expressão e no consumo de inumeráveis vidas humanas. Quem torce enreda-se na emoção, expulsa a razão, sufoca o bom senso, junta-se ao rebanho e  corre no estouro da boiada. Atropelam o jornalismo.


Entrincheirar-se atrás de posições impedem a permeabilidade. Uma guerra estática onde cada grupo impede o avanço das ideias do outro, sem querer saber se são ou não procedentes. Se podem ou não contribuir para a vitória da virtude nas reportagens jornalísticas. Sem dúvidas, todos, de um lado ou de outro, sofrem influências do ambiente social que vivem, mas tem livre consciência para avalia-la criticamente. Os jornalistas precisam ficar atentos uma vez que os líderes, de lado a lado, são falíveis e contraditórios como todos os seres humanos, mesmo os mais respeitados como Gandhi e Nelson Mandela.

Artigo publicado no blog do autor (noticias.r7.com/blogs/herodoto-barbeiro) e reproduzido neste site com autorização dele

* Hérodoto Barbeiro é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com

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