Ano novo no mundo em descompasso / Francisco Souto Paulino

Por mais que queiramos acreditar numa perfomance diferente, o panorama mundial se reveste cada vez mais de uma incisiva precariedade. As desigualdades se fortalecem de formas aceleradas ferindo frontalmente a proposta visionária de conquistarmos uma atmosfera planetária pacífica, que caminhe na direção de uma sustentabilidade. Ainda não conseguimos transceder a força irredutível do individualismo, dos desrespeitos aos direitos do outro e com maior intensidade, ignoramos a responsabilidade de cada um no trato com o meio ambiente.

Continuamos medindo forças na tentativa da sustentabilidade do poder pela via bélica, montando verdadeiras estratégias para justificar espaços democráticos, onde nascem as guerras tendo como pilastra a defesa da paz. Apesar dos 60 anos decorridos, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde estão enumerados todos os direitos que todos seres humanos possuem, o mundo continua à deriva a procura de visualizar faróis que ofereçam o Norte da caminhada. Continuamos como que insistindo com todo afinco e com todas as forças a elaborarmos estratégias eficientes que justifiquem a violação dos direitos legitimados. A conjuntura a nível mundial precisa de ajustes, sobretudo encontrar gerenciamento consciente do sistema econômico.

Nessa trajetória não muito longa, o homem envolvido no conceito de humanidade e hoje de forma global, “implantou uma humanidade dividida”. Na visão do cientista político Cristóvam Buarque, justificando essa divisão: “No lugar da cortina de ferro, uma cortina de ouro; de um lado, um arquipélago de pobres do mundo, diferenciados em sua exclusão dos benefícios da modernidade e, de outro, um primeiro mundo internacional de ricos integrados nos mesmos modernos padrões de consumo e de cultura”. A continuarmos assim, o resultado será a tragédia moral da exclusão aceita, pelo sentimento de dessemelhança, que vem se fortalecendo cada vez mais pelo mundo, entre os ricos e pobres.

O mundo não será globalizado e democrático se não for tolerante. Hoje em pleno século XXI temos países isolados e blocos organizados que são verdadeiros monstros na aplicação dos graus de intolerâncias externas e internas. Está provado que quanto maior o grau de intolerância, mais perto se encontra o grau de discórdia.

A tolerância entre as culturas e o respeito à diversidade serão instrumentos fundantes para a paz no mundo. Hoje todas as baterias são carregadas tendo como objetivo maior o enfrentamento ao terrorismo. Via de regra o terrorismo está embricado no embate vindo de inimigos externos. Cada Nação tem os seus terrorismos internos fomentados pelas ações planejadas pelos próprios sistemas políticos e econômicos vigentes etc.

Para que terrorismo maior do que as guerras pré-estabelecidas, os milhões de pessoas que morrem de fome, o processo crescente da violência em todas as suas dimensões, os batalhões de jovens em todo planeta sem perspectivas de futuro e assim proliferam muitas outras formas de terrorismo que cada um de nós pode estar fomentando no espaço onde nos encontramos.

No limiar de um novo ano temos que nos conscientizarmos de que pertencemos, todos, ao bloco da humanidade dividida, com uma forte cultura do individualismo, onde tudo caminha para a mercadização. Os meios de comunicação entram com a sinalização de eventos espetacularizados, gerando pautas, levando a que tudo entre num processo de mais valia social, fomentando a crença de que tudo desemboque no processo lucrativo.

Acreditamos que para a solução de tudo que estamos assistindo acontecer, só há uma saída, é que cada um individualmente, se deixe seduzir para ser instrumento da cultura de paz.

Acreditamos também que o caminho da cultura de paz passa por:
. Um consciente planejamento que possa alijar a pobreza;
. Um trabalho conjunto de todas nações para acabar as barreiras que dificultam o processo migratório das pessoas;
. Trabalhar a paz através do processo cultural, realizando uma globalização de forma tolerante;
. Atingir a paz através da segurança, tentando banir as inúmeras formas de violências;
. Tentar alcançar a paz pelo caminho da globalização, da moral, da ética e da defesa dos direitos individuais da pessoa humana;
. A paz também poderá ser fortalecida através da política dentro de uma ética globalizada.

O Novo Ano aspira por um mutirão onde se irmanem os poderes em suas diversas esferas mundial, por um eficiente planejamento da educação, da saúde e da segurança. Assim poderemos inovar os próximos anos.

Francisco Souto Paulino
Jornalista e Presidente da Agência da Boa Notícia
boanoticia@boanoticia.org.br

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