Inspirado pelo filho, Gabriel, que tem autismo, Wagner Yamuto, de 43 anos, criou o Matraquinha, um aplicativo de comunicação alternativa focado em ajudar crianças e adolescentes com autismo. O projeto não só foi criado inspirado pelo filho, mas como contou com a ajuda de toda a família. A esposa de Wagner, Grazyelle e o irmão, Adriano, também fizeram parte da elaboração do projeto.

Desde que chegou para a família, o desenvolvimento de Gabriel seguiu normal. Com a exceção de que ele não falava nada. Depois de meses de investigações e consultas, o menino foi diagnosticado com autismo. A fonoaudióloga Dr. Paloma Moreno, então, começou a trabalhar com a família, fazendo o fichário de comunicação do Gabriel.

“Esse fichário é um sistema de armazenamento de figuras para pessoas com autismo. Nele, existem ilustrações de objetos, alimentos e ações que deram a oportunidade do meu filho de se se comunicar com o mundo a sua volta”, explicou o pai do garoto, em entrevista ao portal Razões para Acreditar.

O fichário ajudou muito a comunicação de Gabriel, mas a família percebeu uma dificuldade: toda vez que ele queria expressar alguma coisa e o respectivo desenho não estava no fichário, o menino se sentia muito nervoso e frustrado. Por mais eficiente que o fichário fosse, era impossível trazer todas as imagens para ajudar o garoto a se comunicar.

Vendo isso, o pai decidiu fazer alguma coisa para expandir as possibilidades desse fichário. Primeiro ele tentou criar um site. Mas então se deparou com outro problema: não é sempre que é possível manter o celular ou tablet conectado na internet para conseguir acessar o fichário. Foi então que, em uma conversa com o irmão, Adriano, que é analista de sistemas, Wagner encontrou a solução perfeita: criar um aplicativo.

Assim os dois começaram a desenvolver o projeto. A Grazyelle, esposa de Wagner, que é administradora e educadora parental, logo entrou no desafio e começou a ajudar os dois com a produção do aplicativo. Depois de muito trabalho, a ideia finalmente saiu do papel e, hoje, o Matraquinha está disponível para ser baixado na Apple Store e no Globo Play. Com ele, jovens e crianças com autismo conseguem demonstrar o que pensam e sentem através das imagens.

“Foi por causa de situações como esta que decidimos criar o app. O Matraquinha pode estar no bolso da família inteira e nenhuma figura será perdida. Assim, damos oportunidade destas crianças e adolescentes terem mais autonomia e independência”, completou o pai.

Segundo Fernanda Cavalieri, presidente da Associação Fortaleza Azul (FAZ), a comunicação é uma das áreas mais afetadas das pessoas com autismo, sendo inclusive, um critério de diagnóstico. Não somente a fala, mas a comunicação social também, a manter uma conversa, expressar sentimentos, compreender uma frase que tenha um sentido não literário, a subjetividade. “Principalmente aqueles que não falam, eles precisam se expressar e se fazer entender de alguma forma. Porque a frustração de não ser compreendido nos seus desejos, nas suas vontades, nas suas opiniões, pode gerar crises e situações diversas. Então, quanto mais o indivíduo com autismo consegue se comunicar, todas as outras áreas, elas vão também sendo desenvolvidas”, comenta.

“Um aplicativo como esse facilita demais essa comunicação. Porque ele está no bolso, ninguém sai de casa sem o celular, por exemplo. Diferente de outras ferramentas de comunicação alternativa, como a pasta, ou como a prancha de comunicação, o fichário. Então, o aplicativo facilita. Primeiro, porque é possível colocar um volume maior de figuras, de fotos, de imagens, desenhos, é possível você criar frases. Sem dúvida as ferramentas de comunicação alternativa e ampliada, elas facilitam muito a vida das pessoas autistas e de todas aquelas que convivem”, compartilha Fernanda.

 

 

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