No nosso querido Brasil, com as diversas formas de corrupção, incluindo o suborno, extorsão, fisiologismo, nepotismo, clientelismo e o peculato, nos faz lembrar Padre Antônio Vieira, na seguinte assertiva: “Eles (as autoridades) chegam pobres nas Índias ricas e voltam ricos das Índias pobres”, atestando-nos que a dinâmica contemporânea, há uma estreita semelhança, na prática dos favores, vantagens e benefícios. Por isso mesmo como é salutar e indispensável, sem nunca nos esquecer do Padre Vieira, colocando-o na nossa mente e no coração como referencial e figura exemplar, gênio que marcou profundamente a historia do povo brasileiro.


Padre Vieira nasceu no dia 06 de fevereiro de 1608 em Lisboa – Portugal, numa família simples e modesta.  Muito novo veio para o Brasil, com apenas seis anos de idade. Fixando residência em Salvador – Bahia, cidade na qual cresceu e se desenvolveu no físico, no intelecto e espiritualmente, ingressando nos quadros da companhia de Jesus, no rigor e no ideal de Inácio de Loyola. Na capital baiana fez o noviciado, formou-se e tornou-se membro da Companhia de Jesus e, por fim foi coroado, através da Sagrada Ordenação Sacerdotal, em 1634.


Quatro séculos e cinco anos se passaram do nascimento de um homem extraordinário, patrimônio da querida nação brasileiro, que carregou consigo uma marca indelével da beleza, como um mistério divino. Ao ser amado por Deus, encontrou o sentido da vida e o amor floresceu em si e se transformou em dom para humanidade, pelo seu modo austero de viver, traduzido em obras, como ele mesmo afirmava: “Para falar ao vento bastam palavras, mas para falar ao coração, é preciso obras”.


Agradecemos ao bom Deus o belo e maravilhoso dom da vida de Padre Antônio Vieira, como um místico de grande originalidade, literato, pensador e orador, de grande raridade. Mais de quatro séculos de sua existência, para que, contemplemos a grandeza da bondade e da misericórdia divina, neste homem que soube buscar a mais alta razão, contribuindo para que a criatura humana se tornasse cada vez mais aberta e voltada à beleza, a qual transcende e eleva-nos. “Oh, beleza sempre antiga e sempre nova, quão tardiamente te amei!” (Santo Agostinho).


Somos convidados a olhar para uma personalidade talentosa, maior riqueza intelectual do século XVII. Grandiosa foi sua alma e maior ainda seu coração, com conhecimentos e coragem como ninguém, não ficando indiferente, sempre que a circunstância lhe exigisse um posicionamento profético, sincero e concreto, em favor dos mais desafortunados da vida, especialmente, indígenas e negros.


Como religioso e sacerdote, escritor e orador, deixou-nos uma obra imorredoura. É só olhar os inúmeros sermões, dentre os quais os mais célebres: O sermão do quinto domingo da quaresma, o sermão da sexagésima, o sermão do bom ladrão, o sermão de Santo Antônio aos peixes, entre outros.


Verdadeiramente o amor de Deus o marcou profundamente e se fez dom para a humanidade, em especial, ao povo brasileiro. Uma lenda assegura-lhe sua extraordinária genialidade, que lhe foi concedida ainda na juventude, por Nossa Senhora, com a colaboração de um anjo, que lhe indicou o caminho de volta para casa, ao se encontrar perdido, no retorno da escola.


Após uma vida longa, extremamente marcada pela graça de Deus, aos 89 anos de idade, partiu para o seio do Pai, no dia 17 de junho de 1697, na boa terra, como se costuma chamar a capital do Estado da Bahia. Deus seja louvado por este homem de esplêndidas e excelsas virtudes, um referencial, em todos os campos da vida humana. Aprendamos de Padre Antônio Vieira, irmão muito amado por Deus, no seu rigor intelectual e no seu amor à verdade, como critério de vida, neste pensamento:  “E se um não é duro para quem ouve, creio que não é menor a sua dureza para quem o diz”.


Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com

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