O desgoverno tucano (1995-2002) foi um padrasto para o ensino superior, tendo sucateado todas as instituições federais de ensino – universidades e escolas técnicas, depois transformadas em institutos federais. O então ministro de Educação do Coisa Ruim, Renato de Souza, dizia ser inadmissível a universidade pública gratuita e, através da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, foi proibida a construção de novas escolas técnicas federais.

“A expansão da oferta da educação profissional, mediante a criação de novas unidades de ensino por parte da União, somente poderá ocorrer em parceria com Estados, Municípios, Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não- governamentais que serão responsáveis pela manutenção e gestão dos novos estabelecimentos de ensino” Lindo, não?

Com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ensino superior foi priorizado, tendo sido criadas novas universidades e novos campi federais em todo o País. Lula não só revogou a lei que proibia novas escolas técnicas federais como criou 214 novas, ampliando-as com cursos de graduação e pós-graduação, beneficiando todos os estados brasileiros.

 Aproximadamente 90% de toda a pesquisa científica produzida no Brasil sai das universidades públicas. Mas os tucanos são contra investir em pesquisa, pois defendem a eterna dependência. “Pesquisa se compra em toda parte”, arrotam com arrogância os neoliberais inimigos da educação pública de qualidade e da soberania nacional. Defender a eterna dependência é condenar o País à eterna miséria e à condição de colônia.

É oportuno lembrar que o Coisa Ruim sempre defendeu o atrelamento automático aos Estados Unidos. Era ele um bom discípulo do general Juraci Magalhães que afirmou, com ênfase, durante a ditadura militar (1º de abril de 1964-15 de março de 1985) que “O que é bom para os Estados Unidos é Bom para o Brasil”. É muita subserviência, muito capachismo, muito servilismo, muita falta de patriotismo.

O governo da presidenta Dilma Rousseff deu continuidade à política de valorização do ensino superior público federal, mas setores neoliberais do seu governo estão tentando travar essa expansão iniciada no governo anterior. Já escrevi alguns artigos mostrando a necessidade de destucanizar o governo. No Banco Central foi dado um “chega pra lá” nos neoliberais, mas no Ministério do Planejamento essa assepsia precisa ser feita. É injustificável a posição intransigente da ministra Miriam Belchior não querendo negociar com os professores das 57 das 59 universidades federais em greve há mais de dois meses.

O pior é que a ministra do Planejamento e a própria presidenta Dilma Rousseff estão sendo pautadas pela velha mídia conservadora, venal e golpista que, através de editoriais, notadamente do Estadão e do Globo, estão querendo que o “governo endureça e force os grevistas retornarem ao trabalho”.

País nenhum do mundo evoluiu sem que houvesse um maciço investimento em educação, e o melhor exemplo são os chamados Tigres Asiáticos. Ontem o governo federal cedeu um pouco e ofereceu nova proposta de reestruturação de carreira às entidades sindicais dos professores dos institutos e universidades federais. Para por fim à greve que já dura 70 dias, foram oferecidos reajustamentos que variam de 25% a 40% para todos os professores. O percentual maior será para os que têm dedicação exclusiva.

Mesmo assim os representantes das instituições federais de ensino continuam insatisfeitos com a oferta do governo por entender que a oferta não representou avanço, sendo, portanto, a mesma essência da proposta anterior, ou seja, não reestrutura a carreira, conforme explicitou a presidenta da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira.

Em Fortaleza, os grevistas federais anunciam a “Operação Tranca-Rua”.  O comando estadual de greve dos servidores públicos federais ligados ao SINTUFCE, SINDSIFCE, SINTSEF, SINPRECE, SINEDFISCO e o Comando de Mobilização dos Estudantes da UFC e do IFECE prometem radicalizar na luta por melhores condições salariais e de trabalho. Para tanto, na próxima terça-feira 31, essas entidades garantem que vão fechar os cruzamentos das Avenidas da Universidade com 13 de Maio, e da Universidade com Duque de Caxias, locais por onde trafegam o maior número de carros em Fortaleza. Eles sairão em passeata, cuja concentração será no pátio da reitoria da UFC e terá como destino final a Praça do Ferreira, onde farão manifestação para esclarecer a população e pedir apoio.

Em todo o País, aproximadamente 350 mil servidores públicos federais aderiram à paralisação, conforme adiantou p Sindisep – Sindicato dos Servidores Públicos Federais.

Não negociar com os professores e atender às suas justas reivindicações é retroceder e demonstrar desapreço por uma categoria que merece todo o respeito. É coisa de tucano que a nação já condenou.

Messias Pontes é jornalista – messiaspontes@gmail.com

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here