“Obrigada por vir me ver!” Esse foi parte do conteúdo de uma carta escrita pela menina Jullia, 8 anos, portadora de leucemia. Jullia faleceu no último dia 9, e, apesar de já ter partido para uma outra dimensão, ela deixou uma lição para nós, adultos, que temos saúde. Sabe qual é? Doe o seu tempo e o seu afeto a quem precisa.
A carta que a menina escreveu é destinada a voluntária Gabriela Pereira, 23 anos. Gabriella passou os últimos dois anos visitando a criança em um orfanato de São Paulo. Infelizmente no início do ano a doença se agravou e Jullia partiu. Em outro trecho da carta, a menina diz: “Ela me ensinou a saber o que é ter um amor de mãe, sem ser mãe. Em não reclamar das coisas, eu nunca vi ela reclamando de nada”, disse Gabriella ao portal G1.
Em um outro trecho ela diz: “Você é a minha melhor amiga e eu queria que você fosse a minha mãe, pedi para o papai do céu me fazer sarar, porque aí você ia arrumar os documentos e me adotar.” Eu não consegui não me emocionar com as palavras da criança, que certamente não tinha noção da gravidade de sua enfermidade e, mesmo sem conhecer, senti um orgulho enorme da Gabriella. Uma menina também, ainda com 23 anos, que poderia utilizar o seu tempo livre do WhatsApp, nas baladas, ou, com qualquer outra atividade. Mas, não, ela fez algo tão maior e tão gratificante: o trabalho voluntário.
Quando eu tinha 17 anos, resolvi acompanhar uma grande amiga de escola em um trabalho voluntário. Nós íamos visitar crianças com câncer em um hospital de Fortaleza. A primeira vez que fui, ao chegar em casa, eu chorei muito. Pedi a Deus por aqueles inocentes e também por suas famílias. Quando a gente faz algo por alguém, um trabalho social, nos tornamos pessoas mais humildes, prestativas e valorizamos mais cada dia. Essa humanidade tende a permanecer em nós, em todos os momentos do dia e quando você não está ajudando alguém, passa a sentir falta. Foi muito bom ter tido aquela experiência.
No final da carta, com a ajuda de uma assistente social, Jullia permanece emocionando com o seu coração repleto de pureza e amor, que só as crianças são capazes de externar. “Tia Gabi, eu te amo, e estou pintando as bolinhas do calendário igual você disse e só faltam duas fileiras para o dia do seu aniversário, mas estou muito doente e com dor, por isso, se eu for morar com o papai do céu, não fica triste, porque eu te amo e só você é a minha melhor amiga”. Já imaginou o que significa isso para uma criança que vive em um orfanato?
Difícil não se emocionar! O trabalho voluntário faz um bem! O ano ainda está acordando. Que tal dedicar algumas horas por semana para fazer a diferença na vida de alguém? Já pensou em em pintar as bolinhas do seu calendário de 2019 com o sentimento de gratidão e compromisso com o amor. Muitas instituições no Ceará e no Brasil dependem do trabalho de voluntários e precisam sempre de muita ajuda. Pode ser ajudando crianças, enfermos, idosos, animais… aquilo que você se identifica. De fato é uma gotinha no oceano, mas, acredite, o bem maior quem receberá é você mesmo.
Márcia Rios
Jornalista / Assessora de Comunicação
mriosmartins@gmail.com