Os estudos científicos e os trabalhos do homem em busca de significado surgiram antes do nascimento da PNL. O introdutor foi Victor Frankl, um jovem médico, psiquiatra, judeu, austríaco, que viveu na época em que estourou a Segunda Guerra Mundial.


Frankl, como a maioria dos judeus da época, foi confinado no terrível campo de concentração de Auschwitz. Durante os primeiros meses, o horror e as humilhações físicas e mentais fizeram que Frankl se envolvesse com os pensamentos negativos que imperavam entre os prisioneiros. Nos campos de extermínio, a lamentação “Por que isso acontece comigo?”, conduzia as pessoas ao desespero, frustração e até ao suicídio, pois não conseguiam visualizar uma alternativa de salvação.


Em um certo dia, Frankl se surpreendeu decepcionado com a qualidade de seus pensamentos – deveria dar seu toco de cigarro a um supervisor para que este o deixasse ficar alguns minutos a mais perto da cerca onde batia sol, ou deveria trocá-lo por cadarços para amarrar melhor seus sapatos já destroçados? Ou será que valia a pena negociá-lo com o pessoal da cozinha, em troca de uma batata na sopa rala do dia?


Resolveu Frankl que a partir daquela noite, iria sonhar com um salão admiravelmente decorado, onde dezenas de professores e estudantes de Medicina ouviam atentos uma palestra que ele estava proferindo sobre suas descobertas psiquiátricas das experiências que estivera aprendendo naquele campo de extermínio nazista.


Assim, quase todos os dias, aprendia lições de como suportar as adversidades e deslocava o pensamento durante as noites para viajar mentalmente, em salões e auditórios, vendo-se dando palestras e seminários sobre suas experiências e conhecimentos adquiridos durante o dia. Percebeu que existiam pessoas que ao invés de se perguntar: “Por que isto está acontecendo comigo?”, perguntavam o seguinte: “Está bem, aconteceu… e agora, o que posso fazer?”


Estas eram as pessoas que tinham muito mais esperança e energia para enfrentar o caos e seguir adiante. A esperança era a sobrevivência, mas não visando seu próprio bem apenas.


Tratava-se da sobrevivência para cumprir uma missão para a qual a vida estaria preservando a pessoa, a fim de reunir-se com a esposa, proteger um filho, terminar um livro ou simplesmente testemunhar ao mundo um horror que jamais deveria voltar a acontecer com a raça humana. Para quem tinha uma missão, a vontade de sobreviver era mais forte, pois significava deixar um benefício para a humanidade. Victor Frankl, alimentado pelas suas noites de fantasia, sobreviveu ao campo de Auschwitz e fundou no mundo inteiro a Logoterapia.


O que se pode aprender é que o homem é um ser em busca de um significado. Se existe alguma coisa que possa preservá-lo, mesmo nas mais extremas situações, é a consciência de que a vida tem um sentido embora nem sempre imediato.


As lições que Frankl tirou de Auschwitz podem ser resumidas na sua convicção de que mesmo quando somos despojados de tudo o que temos – família, amigos, influência, status e bens – ninguém pode nos tirar a liberdade de tomar a decisão sobre aquilo em que vamos nos transformar, porque esta liberdade não é algo que possuímos, mas algo que somos. Frankl dizia que ser homem, necessariamente, implica em transcender a si próprio. Afirmava que o homem realmente quer, em derradeira instância, não a felicidade em si mesmo, mas um motivo para ser feliz. E de fato, tão logo a pessoa use o livre arbítrio para se sentir motivado e feliz, a felicidade e o prazer por si mesmos se fazem presentes.

* Magui Guimarães é master em Coach & Neurolinguística – magui@maguiguimaraes.com.br

 

Artigo publicado no site http://maguiguimaraes.com.br e reproduzido aqui com autorização da autora

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here