Não tive a bênção de conhecer pessoalmente a menina paulista Vitória de Cristo Croxato. Já Marcelo e Joana  tiveram a honra e o merecimento não apenas para gerá-la mas, sobretudo, a oportunidade de conviver com ela por dois anos e meio. Vitória é um espírito de luz especialíssimo, daqueles que são enviados diretamente por Deus para nos lembrar sobre o valor inesgotável do  amor incondicional. Aquele sentimento que resgata a nossa humanidade e nos alerta no fundo d’alma para que não esqueçamos do  verdadeiro sentido de nossas existências.


Diagnosticada com acrania e anencefalia ainda no ventre de sua mãe, Vitória  se tornou uma fonte perene de superação pelo mundo afora. Tinha tudo para ser abortada – até liminares já estavam sendo concedidas em casos similares -, mas, ao contrário, Vitória  foi acolhida de forma sublime por seus pais, que são tão iluminados quanto ela. Tinham de ser, pois  conselhos não faltaram para que não levassem aquela gravidez adiante… Amada intensamente  pela família e admirada por milhares de pessoas, conquistou e ensinou a todos com o seu exemplo do mais puro amor à vida. Passeava no parque, engatinhava em um skate e sorria muito. Vitória simbolizará para sempre o triunfo da vida.


Joana, que é jornalista, registrou passo a passo a breve, porém emocionante, trajetória de Vitória. A página na internet “amadavitoriadecristo.blogspot.com “chegou a ter 800.000 acessos em um único dia (11/04/2012), durante o emblemático julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que tentava legalizar  o aborto em anencéfalos no Brasil. Desenhava-se naquele momento mais uma missão importante da família Croxato. Os pais não titubearam e seguiram para Brasília levando a criança. Vitória  precisava estar ali.


A Arguição de  Descumprimento de Preceito Fundamental-ADPF 54, impetrada pela  Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde,  tinha como advogado o Sr. Luís Roberto Barroso. Ele até chegou a  escrever um artigo intitulado  “O Estado não engravida “. Indicado pela Presidenta Dilma em 2013, Barroso  tornou-se “coincidentemente”, Ministro do mesmo STF.


Concordando com o futuro e hoje “novato” colega, o Ministro Marco Aurélio de Mello disse á época: “Quem não tem cérebro não tem vida”. E  ainda por cima setenciou: “Aborto é crime contra a vida em potencial. No caso da anencefalia, a vida não é possível. O feto está juridicamente morto.”


Vitória estava sentadinha no auditório  do STF. A cena foi antológica e constrangedora. Para os Ministros. Enquanto eles proferiam o voto, evitavam a todo custo olhar para a menina, que junto com Marcelo e Joana, acompanhavam tudo de perto.


O resultado todos já sabem. Mais uma página triste da história do País protagonizada pelo STF assim como a liberação, 4 anos antes,  das pesquisas em células tronco embrionárias quando as experiências científicas internacionais  já  atestavam que só as células troncos adultas eram capazes de curar. A “coisificação” da vida” por parte de nossa corte jurídica máxima é preocupante.  Com a visão meramente materialista que predomina no STF somadas às declaracões públicas que os Ministros não estão nem aí para o clamor das ruas (que diga o novo julgamento dos mensaleiros) temos motivos de sobra para estarmos sempre atentos para que a legalização do aborto não manche a nossa bandeira nacional de sangue. A sociedade precisa se articular, já que a cada dia que passa, temos enormes  avanços da ciência que comprovam: a vida começa na concepção.


Um caminho seguro em defesa da vida é a aprovação imediata do Estatuto do Nascituro, que tramita na Câmara dos Deputados  e visa resguardar os direitos da criançar brasileira por nascer. Duas mobilizações nacionais acontecem nos próximos dias pela aprovação do fundamental Estatuto. Uma no Rio de Janeiro, dia 05 de outubro, e a outra na tradicional Marcha pela Vida de Fortaleza, que ocorrerá no próximo domingo, dia 6,  com concentração no aterro da Praia de Iracema a partir das 16 horas.


Nesta quarta-feira (2), na Livraria Cultura, às 20 horas, o  cineasta cearense Glauber Filho, diretor dos longas “Bezerra de Menezes” (2008) e “As Mães do Chico Xavier” (2011) e que já havia realizado um curta metragem sobre a história linda da menina anencéfala Marcela de Jesus (Flores de Marcela),  lança mais um documentário da Estação Luz Filmes nesta linha humanista. Ele teve a permissão da família Croxato para registrar a  inspiradora passagem de Vitória pela terra. Trata-se do filme “Eu, Vitória”.


O DVD mal chegou às lojas da Distrivídeo, onde pode ser locado gratuitamente, já está salvando vidas…É o caso de Grabriela Vitória. Sua mãe, Wladiane,detectou há menos de um mês que a bebê é anencéfala. O CHAMA – Centro Humanitário de Amparo a Maternidade, um projeto da ONG  MOVIDA – Movimento pela Vida e não Violência, foi a Acarape, onde reside Wladiane, e levou os documentários “Flores de Marcela” e “Eu , Vitória”. A mãe ligou poucos dias depois e nos deu a boa notícia: decidiu seguir o seu coração. Deixará fluir a gestação da sua filha.


Joana e Marcelo estão em Fortaleza, a “Terra da Luz”,  não apenas para o lançamento do “Eu, Vitória” mas também para celebrar, segundo eles mesmo dizem: “o segundo presente de Deus para suas vidas”; Benjamim, o eterno irmão da Vitória, que deve nascer no início de 2014!


Vitória de Cristo se junta a Marcela de Jesus, Gabriela Vitória  e tantas outras para, docemente, mostrar que o amor vale a pena. O exemplo delas é real, pois só o amor é real. Só não ver quem não quer. Já dizia aquele ditado popular: “O que os olhos não veem, o coração não sente”. Qualquer semelhança com o símbolo da justiça, neste caso específico, não é mera coincidência.


Luís Eduardo Girão (legirao@hotmail.com) é produtor de cinema e diretor da Agência da Boa Notícia

 

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