O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) encerra dimensões que não podem passar despercebidas no momento em que a maioria das instituições federais de ensino superior o adota, em substituição ao vestibular  tradicional. É importante observar que o novo modelo traz um sentido bem mais amplo de educação. Como ponto de partida, ele contribui para a compreensão do sistema educacional como um todo. Há uma mudança na perspectiva da avaliação, que sai do conteúdo pelo conteúdo e passará a ser um importante instrumento de política educacional, na proporção em que se tornarem explícitas as orientações curriculares com validade nacional. Assim, o primeiro impacto a ser ressaltado é o dos efeitos positivos que propiciará, em especial na melhoria da qualidade do ensino médio público.


O resultado desse impacto, evidentemente, não poderá ser aferido de imediato, como querem algumas análises simplificadoras que têm percorrido os meios de comunicação. Quem insiste nesse aspecto está, apenas, contribuindo para um retrocesso. O Enem necessita de críticas, elas são salutares, mas importa que objetivem o aprimoramento do sistema, cujas vantagens não há como dissimular.


Estou certo de que esta terá sido a melhor proposta já apresentada para aperfeiçoar o ensino médio no País, ou, talvez, a última oportunidade de se deflagrar uma revolução na educação brasileira. Daí porque as instituições de ensino superior têm oferecido oportuno e valioso apoio, objetivando o sucesso da corajosa empreitada.


A Universidade Federal do Ceará (UFC) vem, há bastante tempo, sem açodamento, envolvida no processo, discutindo-o em todos os foros, chamando ao debate estudantes, professores e servidores técnico- administrativos. Isto porque a responsabilidade assumida pela UFC com a qualidade do ensino extrapola seus limites, espalha-se por todos os níveis & até o fundamental & e, geograficamente, se distribui pelo Ceará inteiro levando-se em conta que nossa universidade, de uma forma ou de outra, sozinha ou em parceria com a Secretaria de Educação, está presente em todos os municípios cearenses.


Atenta à questão da mobilidade, efeito dos mais positivos a ser encorajado pelo Enem, nossa universidade tem-se preparado, no que conta com integral apoio do Governo Federal que já dobrou os recursos de assistência estudantil das instituições que optaram pelo Enem. O resultado disso são amplos o suficiente para cobrir vários aspectos da vida dos estudantes no campus, não se restringindo, portanto, à questão das residências universitárias.


Assim é que, mesmo antes de adotarmos o Enem, temos levado melhorias às residências e aos restaurantes, ampliando extraordinariamente a oferta de bolsas e a assistência médica e odontológica, além de outros auxílios. Um dado que merece ser destacado: hoje a UFC investe, nessa área, recursos de R$ 12,5 milhões, correspondendo a 20% do orçamento de custeio da instituição.


Como se percebe, adotar o Enem pode ser uma ousadia, um ato de coragem, mas não uma aventura desde que nos preparemos para assumir as novas responsabilidades. A UFC está consciente de que participa de um momento ímpar, em que a educação nacional está sendo reestruturada, e não abdica do privilégio de também escrever essa história.


* Artigo publicado em 10.04.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

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