A partir de hoje as nossas TVs públicas experimentam novos ciclos de vida. Duas delas, as administradas pela Assembleia Legislativa e pela Câmara de Fortaleza estarão sob nova direção, abrindo para a sociedade a perspectiva de que possam ganhar um novo sentido para a comunicação e a gestão públicas.


O presidente eleito da Câmara, vereador Acrísio Sena (PT), prometeu “realizar estudos para a modernização dos meios de comunicação da Câmara”, aí incluída a TV Fortaleza. É o que se lê no capítulo Da relação com a sociedade, da carta de princípios intitulada “Por uma Câmara Forte, Autônoma e Democrática”, assinada pelos 26 vereadores que o elegeram.


A trajetória socialista e democrata do sindicalista, que se fez vereador pelas lutas populares e que se fez líder da prefeita Luizianne Lins pela sua capacidade de enfrentamento e diálogo com opositores, isso já se conhece. É preciso saber agora o que o novo presidente chama de “realizar estudos” e “modernização”, no que tange à emissora pública TV Fortaleza.


Ao prometer estudos, supõe-se que Acrísio Sena esteja disposto a promover a discussão sobre o papel de uma emissora financiada com o dinheiro público e, quem sabe, a tirar as decisões administrativas, financeiras, tecnológicas e de conteúdo do campo político de tantas conveniências patrimonialistas para o campo científico da comunicação pública.


Ao vislumbrar a “modernização” da emissora, espera-se que o novo presidente da Câmara esteja pensando não só em dotá-la de um transmissor digital, que proporciona a transmissão com melhor imagem, melhor som e com portabilidade. Mas também em utilizar a possibilidade do multicanal (até 4 em 1) e em oferecer a interatividade on line com telespectador usuário.


Modernizar emissoras públicas de televisão é avançar tecnologicamente e avançar politicamente também, no sentido de trocar a chapa branca do governamental pela chapa multicor da sociedade. É pautar os conteúdos pelo interesse coletivo, estabelecer o diálogo e a inclusão política. É estimular a autoria e a colaboração.


Este pode ser também o novo sentido a ser dado pela próxima legislatura da Assembleia, que começa em fevereiro. O canal da TV Assembleia é aberto, chega a todo o Estado. Tem, portanto, papel social e político exponencialmente maior que o da Câmara da capital. A Câmara Federal já transmite em multicanal e se esforça rumo à interatividade. Por que não podemos também.


Na TV Ceará, que é digital há mais de um ano, espera do governo reeleito a conexão ao cinturão digital de fibra ótica, já em teste, que pode sustentar o canal de retorno exigido pela TV digital interativa. E a decisão pessoal do governador de atrair para o Estado uma fábrica de conversores com o ginga, o software que permite a interatividade. Isso faz sentido.


* Artigo publicado hoje no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

 

Alberto Perdigão é Jornalista, mestre em Políticas Públicas e Sociedade – aperdigao@terra.com.br

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