Por causa do desenvolvimento econômico e das exigências da globalização, o mercado brasileiro precisou rapidamente atender às demandas de um espaço disputado intensamente por aqueles que oferecem os melhores serviços pelos menores custos. E ao saltar-se de um momento histórico em que não havia vagas no mercado para uma surpreendente época em que as empresas têm dificuldade para preencher as vagas que oferecem porque falta, aos candidatos, a capacitação necessária, percebeu-se o tamanho da dívida que nossos governantes têm com a educação, principalmente, com a educação básica, exatamente aquela que dá ao cidadão os instrumentos necessários à sua ascensão social.


É na base que se estruturam todas as referências de progressão futura. Nosso sistema de educação, que deveria promover a igualdade, é especialmente danoso para os jovens de baixa renda, já que amplia a distância entre uma condição socioeconômica desfavorável e o avanço profissional que lhes permitiria mobilidade social.


Apesar de já ocuparmos o posto de oitava economia do mundo, recente ranking realizado pela Universidade de Comunicações de Xangai (China) com a relação das melhores universidades do planeta obteve destaque na mídia nacional pois coloca apenas seis universidades brasileiras entre as 500 primeiras. A melhor colocada ocupa apenas uma posição próxima a 150ª. Se compararmos com a qualidade das instituições norte-americanas que ocupam os 17 primeiros lugares, teremos uma exata noção do quanto precisaremos investir para alcançarmos patamares aceitáveis.


Sendo assim, as empresas absorvem grande parte dessa massa de trabalhadores que chega ao mercado precisando complementar sua formação. Absorvem também o custo de capacitá-la. Com essa intenção, ajudam a custear cursos tecnológicos para esses profissionais, exemplo dado pelos empresários do comércio com a criação da Faculdade CDL, que funciona com o objetivo de capacitar os profissionais desse setor com conteúdos voltados para a prática, esforço que envolve, inclusive, a manutenção de uma Loja Conceito na qual os graduandos vivenciam situações que são cotidianas na relação com as empresas e com os clientes.


Do mesmo modo que produtos e serviços concorrem pela preferência do consumidor, os profissionais buscam as melhores oportunidades nas melhores empresas. Mas como concorrer sem capacitação? E como sair capacitado após anos de formação acadêmica se nosso sistema ocupa repetidamente os piores índices nas avaliações que aferem a qualidade da educação mundial?


O que falta a nossa educação é investimento prioritário, pois este, embora venha crescendo – e isso é preciso reconhecer – ainda é bastante tímido frente às necessidades da Nação. Um investimento que deveria ser provido desde o ensino fundamental com foco em desenvolvimento de competências por meio de experiências alinhadas com a realidade. Experiências que promovessem um aprendizado útil, que despertassem talentos e que desenvolvessem habilidades natas.


Um ensino capaz de inspirar e despertar vocações. Ensino possível, porém distante graças à falta de infraestrutura das instituições, aos programas curriculares retrógrados e, em especial, ao desinteresse da maioria dos governantes. Os nossos jovens merecem mais.


* Artigo publicado em 29.09.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.


Honório Pinheiro é Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará – presidente@fcdlce.com.br

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