O Estado Islâmico se tornou midiático. O grupo que domina regiões na Síria e no Iraque está também em todo o mundo. Ou pela ameaça de atentados terroristas em qualquer lugar onde haja aglomeração ou através das redes sociais. Aprenderam rapidamente a usar as ferramentas da internet para amedrontar e recrutar terroristas. Uma mistura de ideologia com tecnologia. Uma combinação explosiva como prova uma serie de atentados no mundo. Estão em busca permanente de promoção na web e o resultado é surpreendente, segundo a The Economist. 


 


A mídia ocidental divulga amplamente os vídeos  chocantes que retratam a decapitação e o fuzilamento de não crentes, gays, soldados inimigos e outras vítimas. É um espetáculo dantesco propositadamente sangrento e impactante. Essas cenas substituíram os gritos de guerra que no passado assustavam os inimigos. Hoje o terror cavalga os bits e bytes e está presente em todas as plataformas digitais.


                       


O que mais o Estado Islâmico divulga? Uma ong britânica rastreou as transmissões e descobriu que mais da metade das mensagens são propagandas que retratam  uma sociedade civil imaginária. Totalmente utópica.  Ela é mostrada  como um lugar prazeroso, com crianças sorrindo e que são conduzidas para um paraíso terrestre pelos lutadores do Estado Islâmico. São os heróis da nova era .Lá não faltam escolas para se aprender o texto do Corão interpretado por eles. Os hospitais mostrados são limpos, com tecnologia de ponta, com médicos australianos fazendo parte do Serviço de Saúde do EI. 


 


É quase uma atualização do paraíso islâmico concebido na idade média, quando toda essa tecnologia não existia. Nem uma palavra sobre a forma de governo, o que é previsível. Um califado é um estado teocrático, totalitário, regido pela lei religiosa da sharia. As mulheres também são relegadas a  um segundo plano e conservam as vestes tradicionais. A elas é destinada a tarefa de ter filhos e cuidar deles para a glória do califa.


 


As conquistas militares são postadas na rede  insistentemente. Quase metade da propaganda divulgada na web é sobre o avanço militar contra o inimigo, uma mistura de cristão, xiitas e ocidentais de inspiração americana e europeia. É a guerra contra o infiel o que não se submete passivamente ao Estado Islâmico ou está contaminado com  a cultura ocidental. Uma recuperação do passado guerreiro quando o Islão saiu da península Arábica  construiu um império que se estendia da Península Ibérica, norte da África, Oriente Médio até boa parte do sudeste asiático. O maior império da Terra até então. 


 


Os sunitas são os líderes religiosos e extremistas e não perdoam nem mesmo os xiitas, erroneamente considerados radicais no Ocidente. A surpresa da pesquisa é que tudo o que o grupo divulga com brutalidade chocante é apenas 2 por cento da produção propagandística . Ou seja eles têm dois eixos de publicidade: um sangrento e cruel para o Ocidente e outro utópico e idealístico para os seguidores .


 


Heródoto Barbeiro é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com – herodoto@r7.com


*Artigo publicado no blog do autor (noticias.r7.com/blogs/herodoto-barbeiro) e reproduzido com sua autorização

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