Quando nos sentimos realmente motivados?  Com vontade de fazer algo acontecer?


O que aumenta ou diminui esta vontade?


Sem estímulo a pessoa executa a tarefa com um esforço hercúleo se arrastando durante o dia em uma luta que termina na sexta-feira para se iniciar na segunda-feira da próxima semana.   Como encontrar motivos para agir com satisfação?


Seria ótimo se tivéssemos uma pílula ou um aparelho motivacional. No entanto a prática mostra que todos os estímulos externos são efêmeros, passageiros e funcionam em um curto espaço de tempo.


Embora se possa acreditar em fatores extrínsecos, a experiência tem mostrado que tem um efeito momentâneo e pode até ser um complicador quando a pessoa se acostuma a ser movido por estímulos externos e passa a exigir cada vez mais fatores extrínsecos para produzir  ou cumprir tarefas que normalmente deveriam ser feitas.  Assim o aluno estuda para se ver livre da prova, o assalariado trabalha para pagar as contas, o doente se cuida para se aliviar da dor. Existe uma falsa ideia de que os melhores momentos são aqueles nos quais estamos relaxados e passivos, no entanto o descanso em exagero é tedioso e exaustivo.


Na ilusão de que fatores externos podem motivar pessoas, as empresas criam  campanhas motivacionais com distribuição de prêmios e promessas financeiras.  Segundo pesquisas da IBM o dinheiro só é fator motivacional até o quarto mês.  Quando a pessoa aumenta o seu poder de compra irá novamente desejar um salário maior porque a medida do ter, não tem fim.


Para descobrir o que faz uma pessoa ter uma experiência máxima Mihaly Csikszentimihalyi, psicólogo húngaro, PhD, pesquisou durante duas décadas  e descobriu que a motivação  está mais ligada a satisfação interna do que ao aumento poder aquisitivo.  Mihaly traz um conceito novo ao contrário do modelo mental vigente de que qualidade de vida é ter mais lazer, prazeres físicos, dinheiro e energia. Se isto é verdade, como se explica pessoas sem condições ( dinheiro e conforto) que possuem satisfação de viver e se sentem preenchidas enquanto outras com todas as condições externas perdem o sentido da vida?  O dinheiro, conforto, prazer e lazer devem ser buscados como “meio” para conseguir realizar a missão de vida e não como “fim” em si mesmo.  Pessoas que buscam fatores externos como “fim” tendem a insatisfação crônica porque nada de fora irá trazer a sensação de plenitude.


Este é um estudo de como é possível ter motivação ou qualidade de vida independente das condições externas. Mihaly notou que  momentos de satisfação, nos quais a vida tem mais valor, a pessoa está totalmente focada no momento presente.  Como fazer para aumentar a qualidade de cada experiência? O que faz com que uma experiência se torne altamente agradável?  Mihaly descobriu que é o estado de “flow” – fluir pois é um estado de alta concentração no qual a pessoa fica totalmente envolvida na atividade.


Trata-se do conceito budista de ser “um” com o “todo”, de ser “um” com a experiência.    Mihaly descobriu que o estado de êxtase vai além da meditação espiritual e que existem outros momentos em que está fazendo alguma coisa onde a sensação do mundo externo diminui e a mente fica envolvida integralmente naquilo que está fazendo. São exemplos de “Flow”:   no corpo – esportes, dança, ao tocar um instrumento; nos pensamentos – leitura, quebra-cabeças, diálogos profundos sobre ideias; no trabalho – estímulos desafiadores e apreciação pelo que cria, por exemplo: cirurgiões, escritores, artesões etc.   Situações em que o corpo e a mente estão completamente empenhados num esforço voluntário para realizar algo que vale a pena, independente de condições favoráveis ou não.


Mihaly percebeu que quanto mais as pessoas tem capacidade de ficar totalmente no presente, apresentam maior grau de satisfação e mais qualidade de vida.  A satisfação se manifesta nos momentos em que se consegue vencer os próprios limites e superar alguma adversidade. Quando uma pessoa é capaz de elevar o nível de satisfação interna, ela é capaz de transformar problemas em desafios, e obstáculos são presentes, dádivas e um convite para gerar auto-superação.


Como os momentos de auto-superação estão mais ligados ao trabalho, este é o ambiente mais propício para construir uma melhor qualidade de vida e motivação. Assim desfaz-se a ilusão das pessoas na aposentadoria terá uma vida ser melhor.


Com o decorrer dos anos, as pessoas se dão conta de que os  momentos da vida que foram mais memoráveis e inesquecíveis; invariavelmente foram aqueles quando conseguiram vencer uma competição, passaram em um concurso, fecharam uma negociação difícil, sentiram um momento de paz em plena guerra, mantiveram a calma correndo risco de vida, conquistaram uma promoção, ou venceram um desafio imposto pelo trabalho ou foram vitoriosos em transcender condições adversas. São momentos lembrados por muito tempo, momentos de bons combates, tornando-se ponto de referência de como deveria ser a vida.


Quando estes momentos, acontecem nem sempre são agradáveis, como o atleta que sente os músculos esgotados durante uma prova, mas não vê a hora de participar dela de novo. Estes momentos são memoráveis porque trazem uma sensação de domínio e de controle sobre a vida.  Os momentos de experiência máxima causam satisfação porque levam o individuo a se sentirem no controle das suas ações, dono do próprio destino.


O ser humano está sempre se expandindo, e tem uma necessidade interna de continuar se desafiar. Quando a empresa não oferece situações de desafio, o funcionário desanima. Para se sentir vivo, é importante e necessária esta sensação de que se superou alguma coisa, de conquistar um desafio, de criar e vencer um limite.   Quanto  mais desafio a pessoa tem, maior a probabilidade de gerar qualidade de vida e motivação.


* Magui Guimarães é master em Coach & Neurolinguística – magui@maguiguimaraes.com.br  


Ela ministrará, a partir de 23 de maio, pelo Cetrede, o curso de Extensão, Ciências Comportamentais: Formação em Neurolinguística e Coaching. As inscrições podem ser feitas pelo site www.cetrede.com br. Mais informações pelos telefones 85 4106 3030 e 3214 8200

Artigo publicado no site http://maguiguimaraes.com.br e reproduzido aqui com autorização da autora


 

 

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