A velocidade das transformações na Medicina tem sido muito superior ao esperado por todos nós. Tida como uma profissão muito tradicional durante séculos de repente se transforma numa velocidade que as suas próprias Faculdades estão com dificuldades de adaptação. Lembro sempre de David Branding-Bennet, meu vice-diretor da Organização Panamericana da Saúde: “O mundo ganhou mais em expectativa de vida nos últimos 50 anos do que nos cinco mil anos anteriores”. Pergunto: e o que vamos ganhar nos próximos 50? E o que vamos ter de novos conhecimentos com a descoberta do sequenciamento do genoma humano?


Dizem os especialistas que os resultados em Medicina do Projeto Genoma estão só começando. Nesta oportunidade, destacarei apenas as “novas medicinas”- Promoção da Saúde, Bio-molecular, Ortomolecular, Comportamental, da Longevidade, e mais recentemente o desenvolvimento do grupo “Qualidade de vida relacionada à Saúde”


Até bem pouco tempo o maior destaque da medicina preventiva era a primária, na direção da coletividade, da comunidade, numa medicina de campanhas de vacinação, de medidas sanitárias em geral, de combate às enfermidades regionais endêmicas e epidêmicas, etc. Era uma medicina tida como para todos, mas interpretada por muitos como para os pobres. Tanto que se dizia que os médicos da medicina preventiva, sanitaristas, preventivistas e epidemiologistas eram sempre os mais pobres da profissão. De responsabilidade quase exclusiva dos governos, atraía poucos formandos das Faculdades.


Agora, o que vemos é o avanço rápido e surpreendente de uma nova prevenção secundária individual, com variado suporte tecnológico moderno, terapêutica antioxidante e dirigida para os estilos saudáveis de vida do indivíduo, novas práticas físicas, novas maneiras de alimentação saudável, novos usos do prazer, recreação, sexualidade, trabalho (não emprego) e do binômio Qualidade X Quantidade de vida. Estamos vendo o desenvolvimento da medicina preventiva em consultórios e clínicas sofisticadas. Passou a ser também coisa de ricos. Melhor, medicina preventiva passou a ser de todos, em diferentes abordagens.


A chamada medicina comportamental também já não é exclusividade dos profissionais da mente e dos estresses, psicólogos e psiquiatras, pois foi invadida pelos que fazem a nova medicina anti-envelhecimento, do comportamento nutricional na sua luta contra os estresses metabólicos e, mais ainda, da chamada medicina da longevidade com a sua riqueza de abordagens e técnicas. Esta última, por exemplo, utiliza novas e variadas substâncias medicamentosas com novos esquemas terapêuticos e mais do que isto estabelece condutas e práticas de estilos saudáveis de vida em diferentes níveis e particularidades individuais e

coletivas.


Mudou muito amigos. Pena que isto esteja chegando com lentidão em alguns lugares. Pena que alguns médicos continuem somente como “tratadores de doenças”. Temos de mudar os nossos conceitos e práticas. Ainda bem que a rapidez da informação atual permite isso e são muitos os colegas que querem mudar.


* Artigo publicado em 08.09.2010 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

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