Com o aumento constante da sobrevida humana e, mais nas mulheres do que nos homens, em todo o mundo (as brasileiras vivem 8,2 anos mais), temos, consequentemente, mais viúvas do que viúvos. E, como as condições sociais e trabalhistas também mudaram para melhor, não encontramos mais viúvas tristes e vestidas de preto como antigamente.


Claro que muitas sofrem uma saudade imensa com a perda do companheiro de muitos anos. Mas, pelos excelentes condicionantes de longevidade e de qualidade de vida, logo mudam, superam e passam a viver com satisfação, e muitas, com alegria.


Tenho analisado várias pesquisas realizadas por importantes organizações e as diferenças dos condicionantes de qualidade de vida, entre homens e mulheres, continuam grandes, principalmente em países da América Latina, Ásia e África. No Brasil temos melhorado, mas ainda é muito pouco. O nível de desigualdade de direitos entre os sexos ainda é muito elevado.


Os elementos ou fatores condicionantes da melhor qualidade de vida nas mulheres são comportamentais e sociais. Elementos bem conhecidos e destacados em todo o mundo, motivo de muita literatura internacional, de muitos poemas famosos e estórias pitorescas, vários são os comportamentos femininos que são destacados: maior capacidade de mudar, mais religiosidade e espiritualidade (compartilhar, doar, participar da vida familiar, aceitar), capacidade de solucionar problemas caseiros e dos filhos, maior facilidade em mudar de hábitos, praticam estilos de vida saudáveis, choram quando necessário e, mais importante de tudo, amam muito mais do que os homens.


Quanto aos elementos sociais tem sido destacado que elas sofrem menos acidentes de trânsito, participam muito mais dos eventos sociais, cantam em corais, dançam, jogam com grupos de amigas, frequentam academias, hidroginástica e outras coisas mais. E, além disso, com a morte do marido ficam livres de uma série de obrigações domésticas que eram muito cansativas e até traumáticas. E fica muito mais fácil viver.


Com muita frequência estou destacando esses fatos nas várias palestras que realizo para poder explicar “porque” as coisas acontecem diferenciando a qualidade de vida nos dois sexos. E, frequentemente, na presença de muitas mulheres, algumas viúvas, costumo brincar dizendo: “as mulheres estão matando tudo que é marido no Brasil”. Elas caem na risada e, certa vez, uma disse rindo: “Eu já matei dois”. Foi aquela gozação.


Mas falando sério e com muita ênfase: homens, vamos mudar, deixar de ser tão “machos”, amar mais e adotar comportamentos sem a vergonha de parecer mais “femininos”. Quanto mais cedo vocês assim fizerem mais anos de vida terão com melhor qualidade de vida. E elas ficarão viúvas sim, mas muitos anos depois. Com excelentes resultados tenho conseguido mudar e me tornado cada vez mais “feminino”. Perguntem a minha mulher.


* Artigo publicado em 23.03.2011 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.


Antero Coelho Neto é médico, prof. e presidente da Academia Cearense de Medicina – acoelho@secrel.com.br

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