Ao longo da minha vida sempre considerei importante e procurei abraçar causas que mais condizem com o meu jeito de ser e com a minha formação. Movido pelo sentimento de que cada um pode agir dentro do seu meio, tenho procurado dar minha contribuição nas áreas social, ambiental e empresarial. Faço isso com a convicção de que para existir uma sociedade plena é necessário que haja uma consciência e o desprendimento de cada um para sair do seu casulo, do seu egoísmo e deixar de encarar os problemas que nos afetam com coisa que cabe aos outros resolver.
Nesse sentido, busco inspiração em pessoas que sempre dedicaram parte do seu tempo a causas da sociedade, como o empresário Jorge Gerdau, o sociólogo Betinho e a médica Zilda Arns, cujas contribuições são inquestionáveis.
No Brasil, infelizmente, ainda são poucas as pessoas que se dedicam à defesa de causas públicas, movidas pelo simples desejo de contribuir de forma desprendida para a construção de um mundo melhor, sem qualquer pretensão político-partidária.
É lamentável também constatar que muitas vezes essas poucas pessoas, por terem essa atitude são vistas erroneamente como pretendentes a cargos eletivos. Digo isso porque no meu esforço de contribuir como cidadão às vezes sou interpretado como postulante a algum cargo público. Isso é uma incompreensão que contribui para desestimular a participação cidadã, criar um clima de animosidade com a classe política e para enfraquecer a força da sociedade.
Precisamos incentivar a formação de lideranças civis e alargar os espaços para a sua atuação. Somente através de uma educação para a cidadania e do fortalecimento dessas lideranças cidadãs poderemos construir uma consciência de coletividade. A exemplo do que estamos vendo no comportamento do povo japonês, diante da catástrofe que atingiu seu território.
As movimentações que vêm ocorrendo no mundo árabe são um exemplo da força que emerge da sociedade pela vontade de participar e de influenciar os rumos de seus países. Essa é uma tendência que vem ganhando expressão e se expandindo por todo o mundo.
A prática da cidadania responsável é uma via de mão dupla. É necessário que cada um faça a sua parte para poder exigir que os outros também façam a sua. Em outras palavras, trata-se do cumprimento dos deveres e dos direitos do cidadão, condição indispensável para a vida democrática em sociedade.
O exercício da liderança cidadã, destituída de intuitos político-partidários, confirma e renova esses conceitos basilares de cidadania e se enriquece com o ferramental disponibilizado hoje pela evolução das tecnologias de informação e comunicação.
Para que a preocupação com a coletividade se torne um valor permanente na nossa cultura temos que tratá-la como um componente transversal das nossas atividades educacionais, na família, na escola, no trabalho, nos logradouros públicos, nas mídias, enfim, em todas as esferas do convívio social.
* Artigo publicado em 06.04.2011 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.