Estamos vivendo, no Brasil atual, importantes debates sobre temas como descriminalização do aborto, ensino religioso, homofobia, religião na política, que remetem ao debate sobre a laicidade. Contrariando a aparente polêmica ateus versus religiosos, como querem alguns, emergem daí questões fundantes da relação Estado/sociedade, como a cidadania e a democracia.

Para elevar a reflexão, sugerimos algumas ideias do sociólogo Roberto Blancarte, no livro Em defesa das Liberdades Laicas: “A laicidade pode ser definida como ´um regime social de convivência, cujas instituições políticas estão legitimadas principalmente pela soberania popular e não por elementos religiosos´; O Estado laico não deve ser entendido como uma instituição antirreligiosa ou anticlerical, mesmo que em diversos momentos de sua construção histórica o tenha sido. O Estado laico é a primeira organização política que garantiu as liberdades religiosas, como a liberdade de crenças e a liberdade de culto; No mundo, as instituições políticas, devido a uma crise de credibilidade, estão buscando uma legitimidade na fonte religiosa, no sagrado e nas instituições eclesiásticas, ou seja, em lugar diverso daquele no qual realmente se origina a sua autoridade”.

Para Blancarte, as organizações e movimentos sociais não devem voltar sua crítica ou combate às instituições religiosas, pois estas estão no seu direito de opinar, mas sim junto aos representantes populares, pois neles é que confiamos nossa autoridade, como cidadãos e como povo.E é nesta soberania que residem as bases políticas do Estado que asseguram a laicidade.

Marcos José Diniz Silva – historiador e professor da Uece

*Artigo veiculado no Diário do Nordeste, em 23 de julho de 2012. O texto é reproduzido neste site com autorização do autor

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here