Sei que não é fácil pedir ao brasileiro jovem e pobre que pense em sua qualidade de vida e, menos ainda, em sua satisfação de viver. Viver satisfeito com tantos problemas e dificuldades? Eu devo estar brincando ou querendo agredi-lo pois não saberia o que é, realmente, ser pobre no Brasil. Longe disso, principalmente quando me lembro do tempo de jovem quando até a comida era difícil em nossa casa.

Mas é que muitos estudos e pesquisas atuais estão a revelar, cada vez mais, a importância e a utilização de condicionantes fundamentais da qualidade de vida em jovens pobres: promoção da saúde (prevenção das enfermidades e dos riscos físicos, químicos e biológicos e estilos saudáveis de vida), conhecimento básico e atual sobre qualidade de vida, obtenção de uma educação dirigida para as profissões sócio-culturais e tecnológicas mais necessárias na atualidade e uma auto-estima elevada.

No Brasil as pesquisas utilizam apenas indicadores básicos de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e de IDJ (Índice de Desenvolvimento Juvenil) que estão entre os mais baixos dos países em desenvolvimento. Há anos que falo na criação do ISV (Índice de Satisfação de Viver) para ao brasileiros.

E uma melhor qualidade de vida pode ser alcançada pelo próprio jovem pobre desde que, realmente, queira alcançar essas condições. É preciso destacar, no entanto, que falo do pobre e não do “muito pobre” que não tem, na grande maioria dos países, pobres ou ricos, a menor possibilidade de dirigir a sua vida e de poder condicionar o seu comportamento para o que quer alcançar. O pobre sim, pode e deve querer.

Estudos revelam que a vontade de se desenvolver e ter melhor qualidade de vida, pode mudar condicionantes supostamente imutáveis.

Mas essa proposta assusta, pois a responsabilidade passa a ser maior para o próprio indivíduo e menos do Governo como é comum e mais fácil de acusar. O maior esforço passa a ser nosso e isso não é conveniente para muitos acomodados da vida.

Pense no assunto jovem, com muito cuidado e verá que isto é uma verdade da atualidade. Esses conhecimentos estão sendo generalizados e utilizados por muitos jovens, principalmente pertencentes às classes pobres e médias de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Por exemplo, os europeus jovens (numa pesquisa em 27 países, em 2008), numa escala de 1 à 10 , a média dos participantes deu nota 7 para ”satisfação de viver” e 7,5 para “felicidade”.

Mas também, obviamente, nunca esquecer que para podermos alcançar esses condicionantes fundamentais de desenvolvimento humano, temos de saber escolher os nossos políticos e dirigentes públicos que são aqueles que possibilitarão a execução de leis e normas públicas dirigidas para a melhoria da qualidade de vida da população. Que não exista a corrupção dos órgãos públicos destacada atualmente na imprensa e que não mais aconteça como nas últimas eleições, quando os candidatos não quiseram e não falaram nada em qualidade de vida e muito menos em satisfação de viver do brasileiro. Falar em jovem feliz, então, nem pensar! Gente feliz e letrada aprende a votar.
 

* Artigo publicado em 01.04.09 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

Taís Ferreira
– Jornalista, é editora do blog Cine Jornalismo Em Pauta
tais.assessoria.imprensa@gmail.com

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