O durão da unificação alemã, Otto von Bismarck, em um momento de ternura, disse que a política não é uma ciência exata. Assim como o jornalismo, é  ciência humana. A matemática, a física, a biologia e outros conhecimentos são da área das ciências exatas. É possível repetir em laboratórios as experiências, que os resultados serão sempre os mesmos. Assim, é possível repicar as experiências que Louis Pasteur  fez no século 19. Já no caso das ciências humanas isso não é possível. Por exemplo, a história não se repete, como replicar a invasão de Napoleão Bonaparte na Rússia? Esses dois países existem, basta arrumar um ator, milhares de figurantes, cavalos, canhões. Vale para uma super produção cinematográfica , mas não para se pesquisar porque Napoleão decidiu invadir a Rússia, quais as condições políticas, econômicas ou sociais que motivaram o conflito.


A política transita na área das ciências humanas e por isso carrega uma dose de subjetividade. Os analistas políticos precisam formar opinião a respeito dos fatos. Se não se convencem, não emitem opinião. Por isso se armam de pesquisas de campo, entrevistam pessoas, cruzam informações, buscam dados estatísticos e releem livros de história em busca de subsídios que apoiem suas premissas. Até consultam o Google.  Nem sempre elas se convertem em conclusões. Muitas de perdem pelo meio do caminho, ou simplesmente são abandonadas porque não se sustentam. Errar nas análises, criar esquemas teóricos que não se adequam à realidade pesquisada são frequentes e nem por isso seus autores são execrados ou banidos. O que vale é a honestidade intelectual, acertar ou errar no diagnóstico faz parte do trabalho dos cientistas políticos.

 

As pesquisas eleitorais ajudam muito a avaliar os prováveis  vencedores de eleições. São dados estatísticos, por isso estão na área da ciência exata. Logo podem ser repetidos, como uma foto do momento pesquisado, e o resultado será sempre exato. Nem sempre. Há fatores psico sócio culturais que muitas vezes  são captados pelos institutos exatos de pesquisa. O caso mais célebre é o furo dado pelo Gallup, publicado  na primeira página dos jornais, dando vitória para Dewey, quando o vencedor foi Truman. Isto também já ocorreu no Brasil. Os institutos não levavam em consideração um jovem político de São Paulo, Jânio Quadros, e ele venceu. Depois os cientistas políticos atestaram que um tal de caçador de marajás de Alagoas não tinha a menor chance, afinal ele nem partido tinha. Collor se tornou presidente. Estamos na iminência de avaliar um terceiro fenômeno que pode derrubar mais uma dessas análises teóricas, o axioma que diz que campanha começa com a televisão e quem tem não tem bom tempo no horário obrigatório eleitoral não tem a mínima chance. Marina Silva têm menos de dois minutos na tevê.

* Heródoto Barbeiro – é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com – herodoto@r7.com

Artigo publicado no blog do autor (noticias.r7.com/blogs/herodoto-barbeiro) e reproduzido neste site com sua autorização

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