Em meio ao mundo das frivolidades – e são várias – não resta tempo nem disposição para um olhar introspectivo ao próprio eu, um olhar para o interior de nós mesmos. Os atrativos e as lantejoulas postas à disposição, incluindo as maravilhas da técnica, sempre renovada e com novos apelos consumistas, não deixam tempo nem mesmo espaço disponível para o encontro do eu consigo mesmo.

Somos tangidos e dirigidos pelas aparências, pelas falsas formosuras, onde todos devem apresentar um corpo esbelto e uma beleza pré-fabricada pelos padrões vigentes.

Assim, todo o nosso olhar é voltado para o mundo exterior das aparências, muitas delas falsas. Inexiste lugar para o silencio, a meditação, pois a sociedade atual se caracteriza pela intensidade dos decibéis. Não é outra a razão de tanto sofrimento inexplicável – frustrações, ansiedade, apelo aos derivativos do sexo e da droga, à prostituição combatida nos jornais mas amplamente difundida, incentivada e praticada no dia-a-dia. Mesmo no espelho, só olhamos a face exterior, esquecidos daquela beleza subjacente, às vezes esmagada pela torrente das lágrimas contidas ou pelo sofrimento maquiado das ilusões passageiras.

E quantos são levados pelo arrastão da vaidade, pela busca da riqueza sem ética e sem lei, atropeladora e aniquiladora dos sentimentos mais puros.

Sequer as crianças estão a salvo, sequer a inocência, quanto mais a família. Busquemos no interior da alma, a identidade perdida.

O nosso eu, o nosso Deus esquecido e abandonado da infância.

. Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste de 02 de fevereiro de 2012 e reproduzido neste site com autorização do autor

* Eduardo Fontes é jornalista

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