Sim, nós podemos!
Intelectual, Educador e Mestre Dermeval Saviani nos ensina que “… educador é aquele que educa e pratica a educação”. Segundo ele, “para alguém ser educador é necessário saber educar”. E remata: “Quem pretende ser educador precisa aprender, ser formado, precisa ser educado para ser educador”.
A árdua tarefa de “Alfabetizar Fortaleza”, capital do Ceará, caberá, pois, não a um somente, mas ao conjunto de fatores e esforços conjugados, tendo à frente quem entenda da matéria, pela vivência exemplar, e se disponibilize a fazê-lo de forma diligente, comprometida.
Estamos diante de desafio dos mais complexos. Aí, contudo, reside exatamente o ímpeto para o enfrentamento.
Senão vejamos. Dados do IBGE demonstram que somos uma população de 2.513.058 habitantes, mercê de uma taxa de analfabetismo de 10,2% (analfabetos com 15 anos ou mais).
Combater o analfabetismo, dever de todos.
Um governo democrático, comprometido com o bem-estar, a condição de gente que somos em nossa inalienável integralidade, deverá posicionar-se com altivez ante a herança desta nódoa social terrível (o analfabetismo), no sentido de extirpá-la, célere, de vez da sociedade. Mister é o esforço conjunto nessa perspectiva.
Cá estamos para dar o nosso contributo histórico. Apresentamos, em linhas gerais, um Projeto que visa a oferecer aos jovens e adultos a possibilidade de iniciarem a alfabetização e continuarem seus estudos regulares, acrescidos de lições de cidadania e profissionalização, grandezas condizentes com as vocações do Município, das comunidades e dos indivíduos.
Alfabetizar Fortaleza: uma bela lição!
Falamos do Programa Educativo Fortaleza Alfabetizada, a ser executado conjuntamente pelo Município e Instituições Parceiras. A finalidade da iniciativa é a alfabetização com a consequente continuidade do aprendizado por parte dos recém-alfabetizados que aprenderam a técnica do ler-escrever e contar, na medida em que compreendem as noções de necessidade da escolaridade, complementadas que serão, reiteramos, com atividades de cidadania e capacitação profissional.
O processo do Fortaleza Alfabetizada começa pelo incentivo à auto-estima das pessoas. O método utilizado é de fácil aplicação: faz uso do conhecimento que os estudantes têm dos números e, assim, se introduzirem no mundo da leitura e da escrita.
Falamos da utilização de um método universal que se ajusta às características sócio-econômicos da nossa cidade para chegar a mais pessoas com menos recursos humanos e materiais.
De acordo com as experiências vivenciadas noutros rincões que o adotaram, o Programa educativo pode se desenvolver em três (03) meses. Embora esse tempo seja determinado pelo desempenho da população-alvo, o cronograma previsto para a sua execução total (letramento + generalização) é de seis (06) meses.
A metodologia a ser utilizada é “yo, si puedo”, método cubano de Alfabetização por TV/ Vídeo, abrangendo: Exploração, experimentação, generalização e avaliação.
Sobre o educador – o ser educador
Para um e outro, alfabetizar é estimular a inserção do adulto iletrado no seu contexto social e político, na sua realidade, promovendo o despertar para a cidadania plena e transformação social. É a leitura da palavra, proporcionando a leitura do mundo, porquanto “Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las.”
A proposta apresentada inspira-se nos documentos “Brasil Alfabetizado”, do MEC/FNDE, no Projeto de Alfabetização “YO, SÍ PUEDO”, do Instituto Pedagógico Latino Americano e Caribeño – IPLAC, nas consultas e discussões mantidas com instituições ligadas à comunidade internacional, nacional, local, e em estudos e documentos normativos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
“… o processo de conhecer e ensinar é tão peculiar que ao ensinar se aprende, que ao educar se desenvolve e se transforma o conhecimento. Por isso a práxis pedagógica-educativa é, ao mesmo tempo arte e ciência: arte de educar enquanto pressupõe um modo específico de produzir, de transmitir e de transformar o conhecimento, ciência de educar enquanto pressupõe o conhecimento como material originário que se transforma no efetivar-se do próprio processo.”
(Bombassaro, 1994:74)
Desenvolver ações no âmbito da Educação Contextualizada, trabalho que deu notoriedade no campo da alfabetização de jovens e adultos (em complemento os ensinamentos do mestre Freire), tem se destacado nacional e internacionalmente na luta pela erradicação do analfabetismo.
Objetivos específicos do Programa Fortaleza Alfabetizada
Devemos pontuar como objetivos do Programa em tela: Alfabetização de jovens e adultos, pouco ou não escolarizados, através de seu encaminhamento ao sistema de ensino fundamental regular; Articulação com a comunidade para o desenvolvimento da Educação, possibilitando a interrelação entre o modo de vida da população e o conhecimento; Norteamento por unidade de princípios e diversidade cultural; Desenvolvimento de ações integradas de educação com outras políticas e programas intersetoriais (saúde, cultura, trabalho, economia doméstica) na perspectiva do desenvolvimento sustentável;
Mobilização dos participantes para ações de combate à pobreza e à exclusão social.
Problemas sociais tão agudos como o analfabetismo só serão resolvidos pela sociedade como um todo, assim como um time de futebol, por exemplo, só pode vencer pelo esforço coordenado pelo conjunto.
Programas sociais sem avaliação, sem continuidade, sem discussão e, conseqüentemente, sem aprimoramento, não são sérios nem eficazes, perdem-se na poeira do tempo e não deixam raízes.
Esta é credencial básica do Programa Fortaleza Alfabetizada, marco inovador na educação do Estado do Ceará.
Para tanto irá Identificar e compreender os princípios e funcionamentos da Alfabetização de Jovens e Adultos do Município; oferecer subsídios técnicos e práticos ao professor para realização de um trabalho didático-pedagógico voltado à realidade da comunidade; estimular a participação dos habitantes em ações valorizadoras do sentido de cidadania, entre outros objetivos.
A diretriz política evidenciada pelo Programa Fortaleza Alfabetizada é a de ampliação do exercício da cidadania, considerando a inserção do mundo letrado como instrumento indispensável à participação e ao atendimento das exigências atuais.