Dilma Roussef apresenta como uma das metas principais à frente do governo acabar com a pobreza no Brasil. Combater a miséria e debelá-la seria o termo mais correto, pois pobreza não indica estado de miserabilidade. Pobres, sempre o tereis entre vós, já profetizava Jesus. Pobreza não é motivo de desonra nem de vergonha para ninguém, ensinam os mais velhos.

Vergonhoso é matar, roubar, enveredar pelos descaminhos do crime, principalmente se for para lançar mão do alheio. Infelizmente, a regra de ouro de antigamente hoje é exceção, pois cresce a avalancha dos falsos valores, onde a obtenção de riqueza a qualquer preço faz a diferença.

Os meios pouco importam. O aceno a uma vida de facilidades e de conforto a perder de vista, tornou obsoletos os antigos conceitos morais herdados de geração a geração, e assiste-se agora a um verdadeiro vale tudo de despudor e de desumanidade. As mentes estão programadas para o exercício diário da inveja, da ambição, da calúnia, da competição sem ética, cujo norte é “vencer na vida” a qualquer preço, mesmo da honra e da dignidade tão exaltadas pelas gerações precedentes.

Os estereótipos de beleza, de corpo escultural, com prevalência de uma magreza doentia, provocam sofrimento psicológico e não poucos renegam a própria imagem, na busca da eterna juventude, como Narcisos redivivos.

Muitos não se envergonham dos atos de corrupção praticados contra o erário, propiciadores de enriquecimento ilícito. Assim, antes de acabar com a pobreza, no bom sentido, é necessário combater as causas motivadoras da miséria social, sem esquecer a miséria moral, hoje tão viçosa e danosa ao organismo da Nação, quanto o é a primeira, e tão presente e atuante na sociedade, responsável por causar o descrédito nas instituições políticas e nos homens públicos, dentre outros setores. Ser pobre com dignidade é honroso. Vergonhoso é ser rico e ladrão. Feia é a miséria, pois aponta diretamente para a necessidade de justiça, fiel ao conceito aristotélico.

Artigo originalmente publicado no jornal Diário do Nordeste de 14 de fevereiro de 2011.

Eduardo Fontes é jornalista

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