Felicidade é um conceito abstrato, subjetivo, difícil de se explicar, mas de fácil compreensão. Atenta ao objetivo comum de toda a humanidade – ser feliz –, a Universidade de Brasília (UnB) decidiu incluir na grade curricular a disciplina Felicidade. Para o próximo semestre, estão disponíveis 240 vagas na Faculdade da UnB no Gama (FGA).
A nova matéria não ditará fórmula, receita ou passo a passo para os alunos serem felizes. O foco será autoconhecimento, afeto, cuidado, solidariedade, respeito às diferenças e diálogo. O objetivo é apresentar estratégias para ajudar os estudantes a lidarem com fatores adversos do dia a dia.
“Não é uma porta para a felicidade e não trará um modelo fechado para isso. A ideia é tentar entender como podemos ser felizes aqui, no campus, e o que fazer para evitarmos a infelicidade“,Wander Pereira, professor da UnB responsável pelas aulas da nova disciplina.
Não há pré-requisito para se cursar a matéria, de quatro créditos, a ser ofertada às terças e quintas-feiras, das 14h às 15h50. Qualquer aluno de graduação da Universidade de Brasília, independentemente de curso ou de campus, pode fazê-la, mas haverá prioridade aos estudantes da FGA.
Das 240 vagas previstas para o próximo semestre, 40 estão reservadas a universitários que fazem algum tipo de acompanhamento psicológico na UnB – neste caso, os interessados precisam procurar a coordenação da FGA. Os demais estudantes devem se inscrever pelo Matrícula Web, de 20 a 23 de julho.
Tendência mundial
A disciplina inusitada já é uma realidade mundo afora. O curso é o mais popular nas universidades americanas Yale e Harvard. Inspirada nessas experiências de sucesso, a matéria em Brasília será baseada em encontros dialogados, atividades individuais e em grupo, leituras e construção coletiva de textos e outras vivências.
“Pensar nessa disciplina é um desafio. Sabemos o que está começando, mas não o que vem depois. Estamos experimentando. Vamos usar técnicas consagradas pela psicologia que sugerem práticas para, por exemplo, se ter mais resiliência e saber lidar com frustrações e expectativas”, diz o professor Wander Pereira. “Também queremos dialogar sobre estratégias de enfrentamento da insegurança emocional, desamparo, timidez, sensação de abandono, depressão e ansiedade”, acrescenta.
Ao longo do semestre, as aulas contarão com a participação de outros professores e de profissionais de fora do âmbito universitário para debater questões específicas ou apresentar performances artísticas e culturais. A avaliação de cada aluno será composta pela participação ativa em sala de aula, além da produção e apresentação coletiva de produto final que traga uma ação concreta de felicidade, seja em forma de música, dança, teatro, jogo, aplicativo, página na internet ou vídeo.
Qualidade de vida
A oferta da disciplina integra um conjunto de iniciativas da FGA voltadas à saúde mental e à qualidade de vida no campus, entre elas acolhimento dos calouros no início do semestre, eventos esportivos, festivais, apresentações artísticas e encontros pedagógicos. Recentemente, o campus criou uma comissão para tratar do tema, formada por quatro professores, pedagoga, psicóloga e representante discente.
A Universidade de Brasília oferece outros serviços de apoio psicológico aos estudantes e servidores, e trabalha para consolidar uma rede interna de assistência. Uma das ações previstas é a implementação de sua política institucional de saúde mental e qualidade de vida, em fase de elaboração.
Conteúdo escrito por Fernando Caixeta e publicado no Metrópoles