Um dos pais da psicoterapia moderna e estudioso do desenvolvimento afetivo da criança, o britânico Donald W. Winnicot (*1896 +1971), afirmou: “A capacidade de enfrentar a solidão é uma etapa necessária para o desenvolvimento afetivo da pessoa”.
A mãe é importante no processo de amadurecimento afetivo, mas é também importante a sua comedida ausência. Ela permite à criança de desenvolver o pensamento simbólico e adquirir autoconfiança.
A solidão conduz necessariamente à reflexão e estimula a criatividade. Grandes e produtivos pensadores como: R. Descartes, I. Newton, J. Locke, B. Spinoza, E. Kant e F. Nietzsche viveram períodos significativos de solidão. Hoje, as pessoas quase não têm tempo para a bendita solidão e a reflexão – que literalmente significa voltar-se sobre si mesmo – .
A juventude “weberosa” está obnubilada pela parafernália eletrônica pós-moderna: celular, e-mail, facebook, sms, chat, blog, ipod, twitter, vodafone… que ocupa todo o espaço da pessoa e cria dependência.
São muitas as pessoas que não têm espaço para reflexão e autoavaliação. Uns já desde tenra idade crescem conduzidos por essa prejudicial, maciça, e irreal onda de socialização mediática.
Esses meios eletrônicos constituem uma espécie de atalho à realidade, saltam barreiras, antecipam objetivos… mas preenchem o importante tempo da reflexão pessoal e tolhem a sadia oportunidade da socialização real e concreta, que traz tensões, mas ajuda no amadurecimento.
As consequências negativas dessa nova realidade ainda não são de todo claras, mas os estudiosos já identificam algumas: jovens imediatistas, pois o automatismo da eletrônica não está na vida real; dificuldade de relacionamento concreto, pouca capacidade de enfrentar barreiras, de conviver, de adaptar-se ao outro…
Com a palavra e ação os pais e os educadores, enquanto é tempo.
* Artigo publicado em 21.04.09 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.
Hermínio Bezerra de Oliveira
– Capuchinho e psicólogo
spt@ofmcap.org