Não poucos analistas da situação social, diante da violência e dos crescentes índices de mortes de jovens no Brasil e, topicamente, em Fortaleza e no Ceará, pensam resolver a angustiosa realidade pela adoção de medidas centradas no uso da força. Gritam por mais polícia, mais penitenciárias, mais espancamentos, mais punições draconianas. E somas fabulosas são investidas em viaturas, em aquisição de equipamentos, em construção de cadeias, de segurança máxima ou não, em concursos de admissão de policiais – e todo esse conjunto de despesas pouco acrescenta à diminuição dos índices de violência nas suas mais manifestas formas de atuação.


Na verdade, o remédio para tantas males causados pelo desapreço à vida humana gerado pelo excessivo culto ao patrimônio, não reside nas exterioridades das medidas de força, nas cadeias mais seguras do mundo, nas leis mais severas elaboradas pelo gênio humano, mas na mudança do modelo de vida, dos estereótipos oferecidos à juventude, das falsas ideias de realização existencial vendidas pelas mídias. Os jovens, os adolescentes são as maiores vítimas desse modelo pagão, pois, à falta de um ideal maior, carentes de exemplos construtivos, vendo a corrupção medrar a cada passo, deixam-se levar pelo canto enganoso das drogas, das bebidas, das ilusões passageiras e mortais. Investimentos em Educação, sim, como advoga o senador Cristovão Buarque, mudariam em médio e longo prazo este quadro tormentoso. Educação de qualidade, com escolas de tempo integral, como o fez Brizola no Rio de Janeiro, propiciadoras de sonhos e de um futuro de paz.


* Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste de 29 de outubro de 2012 e reproduzido neste site com autorização do autor

Eduardo Fontes é jornalista

 

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