Um estudo de efetividade da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, indica que a pandemia poderia ser controlada no país com 75% da população vacinada, anunciou o governo de São Paulo.
Durante a pesquisa, 95% da população adulta de Serrana, no interior de São Paulo, foi imunizada. Após a aplicação das duas doses da vacina, foi constatada uma queda de 95% nas mortes, 86% nas hospitalizações e 80% nos casos sintomáticos da doença.
“Os resultados demonstram de forma categórica o que poderia estar acontecendo no Brasil inteiro, não fosse o atraso na vacinação”, disse o governador João Doria (PSDB).
Ao todo, foram vacinadas 27.150 pessoas na cidade entre fevereiro e abril de 2021. O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou que esse é o primeiro estudo feito nessa escala para medir a efetividade de um imunizante contra a Covid-19 e que será publicado “oportunamente”.
Em entrevista à CNN, o prefeito Léo Capitelli (MDB) já havia adiantado parte dos números.
O diretor do hospital de Serrana, Marcos Borges, disse que o projeto mostrou que o imunizante é “extremamente seguro”. Após a primeira dose, 4,4% das pessoas relataram reações adversas. Dessas, apenas 0,02% tiveram dores de cabeça e musculares em grau mais elevado. Na segunda dose, 0,2% dos imunizados teve alguma reação adversa, nenhuma considerada grave.
Os dados também mostram que a incidência de casos sintomáticos e hospitalizações por Covid-19 entre pessoas que não foram vacinadas também diminuiu.
“Isso reflete o efeito direto e indireto da vacina, a redução na transmissão do vírus porque temos pessoas vacinadas na comunidade”, explicou Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan. “Quem recebeu a vacina ajuda a proteger o outro. Por isso a importância de quem puder se vacinar, o faça, porque não é só por você, mas pelo outro”.
Esses números também caíram entre os serranenses com menos de 18 anos, que não receberam a vacina. Palacios explicou que havia o temor que a infecção aumentasse entre a população que não recebeu a vacina, o que não aconteceu.
Ele mostrou que a queda de infecções entre os adultos criou uma espécie de “casulo protetor” para crianças e adolescentes.
“Esse dado é extremamente importante para a discussão sobre a retomada das aulas. Vemos que não será necessário vacinar as crianças para retomar as atividades escolares”
O diretor também exibiu dados de comparação com outras cidades que evidenciam a proteção. Segundo Palacios, há um grande trânsito entre moradores de Serrana para Ribeirão Preto, onde trabalham.
“Serrana não é uma ilha, é um lugar que está exposto continuamente a lugares onde o vírus está circulando de forma importante e, mesmo assim, controla a epidemia”.
Palacios também disse que o estudo prova a efetividade da imunização contra variantes que já existem e outras que podem chegar.
“Quando acontece a vacinação em Serrana, coincide com a introdução na região da variante P.1. Ela vira uma variante dominante. Então, os resultados de efetividade são resultados predominantes pela variante P.1, uma reafirmação que a vacina é efetiva contra a P.1”, explicou.
Ele disse ainda que não viram o surgimento de nenhuma nova variante na região.
(*Com informações de Amanda Garcia e Ludmilla Candal, da CNN em São Paulo)