A vida política brasileira está sob choque. As demandas, denúncias, esperanças e sonhos, sem falar nos tumultos e vandalismo da minoria equivocada e mal intencionada, vieram à tona de forma caudalosa nas últimas semanas, através dos milhares de cidadãos que estão indo às ruas. Que partam das convocações das redes sociais, do poder capilar da internet, é próprio do nosso tempo. Mas a força cívica das manifestações exemplifica o verdadeiro sentido de povo na política.


É preciso exorcizar os fantasmas da opressão da verdadeira soberania. Oportuno, pois, o pensamento do jurista Hermes Lima: “Toda nossa política, assim monárquica como republicana, mostrou-se geralmente ou duvidosa da capacidade do povo, ou suspeitosa do caráter de suas manifestações, de tal maneira que, entre nós, o povo foi sempre mais um símbolo constitucional do que fonte de autoridade em cujo contato dirigentes, representantes e líderes partidários fossem retemperar o ânimo e o desejo de servir. A política tem a perturbá-la, desde os dias longínquos da Independência, o sentimento de que o povo é uma espécie de vulcão adormecido. Todo perigo está em despertá-lo. Nossa política nunca aprendeu a pensar no povo, a aceitar a expressão da vontade popular como base da vida representativa”.


Agora, o vulcão acordou, sem amarras partidárias, sem interesse demagógico, sem fisiologismo oportunista, mas com sincero purismo, a mostrar força para corrigir a representação e se tornar o fiel da democracia.


Marcos José Diniz Silva, historiador, professor da Uece.
*Artigo veiculado no Diário do Nordeste, em 30 de junho de 2013. O texto é reproduzido neste site com autorização do autor.

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