Em tempo de Copa do Mundo de Futebol, na noite de sexta-feira, 13, depois de um feriado e com a cidade de Fortaleza fervilhando de festas e turistas, quase duas centenas de pessoas, entre estudantes e profissionais das mais diversas áreas, escolheram participar de um programa diferente: a edição de junho da Meditação da Lua Cheia. O evento acontece todos os meses, simultaneamente, em 15 cidades brasileiras, numa iniciativa da  organização internacional Arte de Viver.


Em Fortaleza, é realizado em parceria com o Instituto de Educação Física e Esportes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e costuma ocorrer no Aterro da Praia de Iracema, mas, em razão dos eventos ligados à Copa, o encontro se deu no jardim da Reitoria da UFC, no Benfica. A próxima já está marcada para o dia 12 de julho, às 20h, também na Reitoria.


Aberta ao público e gratuita, a vivência é conduzida pela Profª Lúcia Rejane Barontini, vice-diretora do Iefes e coordenadora regional da Arte de Viver. Para ela, o crescente interesse pela prática da meditação demonstra a necessidade das pessoas por mais paz, harmonia e felicidade. “O mundo está precisando sair do clima de violência, de tristeza, de infelicidade”. Ela esclarece que, no geral, as pessoas não sabem lidar com o estresse e deixa que os desafios do cotidiano as levem a ter pensamentos negativos. “Muitos não sabem controlar a raiva e a ansiedade”, diz.

 

A partir de pesquisas feitas no Brasil e exterior, ela ressalta que a meditação é fator importante “na diminuição do estresse, nas doenças como hipertensão arterial, depressão, insônia, problemas digestivos, dores de cabeça e dores articulares” Acrescenta que meditação tem sido estudada “do ponto de vista da neurociência, explorando os benefícios sobre o cérebro, imunidade”. Os alunos praticantes relatam o quanto a meditação “traz um estado diferenciado para a mente, de mais calma, tranquilidade, maior foco e concentração”, afirma.

 
Paz individual e coletiva


Na Meditação da Lua Cheia, a prática é guiada, o que torna a vivência bem acessível mesmo para iniciantes. Antes, a professora ensina posturas simples de ioga, alongamento e respiração para preparar o corpo de quem vem da agitação do mundo externo. Sobre meditar em noite de lua cheia, ela esclarece que é fato comprovado que a lua exerce efeito nas marés e em toda a água do planeta. Como o corpo humano é composto por cerca de 70% de água, também recebe influência desse astro.


Lembra ainda que desde a antiguidade, diversos povos buscam se harmonizar  com as forças da natureza. Essa harmonização individual é potencializada quando a meditação é feita em grupo. “também é benéfico não só para  os praticantes, mas para todo o ambiente ao redor”. Nesse, sentido, meditar é uma iniciativa que contribui para a Cultura de Paz.


A jornalista Silvia Marta Costa já participou algumas vezes de práticas de meditação, mas diz que ainda não criou o hábito. Mesmo assim, foi umas das pessoas a mudar a agenda de sexta-feira à noite para se permitir fazer “essa viagem de autoconhecimento e autocura”.  Suas impressões sobre a experiência foram as melhores possíveis “porque esse espaço [jardim da Reitoria] é privilegiado pela natureza e o exercício meditativo em noite de lua cheia foi espetacular, porque suscitou um sentimento de paz intensa e de plenitude, não só em mim, mas coletivamente”.

 

Silvia revela que optou pelo evento “por acreditar que o mundo precisa de mais silêncio e mais paz e por ter certeza de que o universo é pura energia e se cultivamos atitudes pacíficas e harmoniosas, recebemos de alguma maneira de volta o que damos. A paz começa dentro da gente, como diz o jargão.”

 
Mais consciência

O revisor e pesquisador da UFC, Carlos Daniel Andrade, compareceu à Meditação da Lua Cheia acompanhado da namorada Liana Rodrigues, enfermeira da rede municipal de Fortaleza (à direita), e da amiga Roberta Freitas, professora do Estado. Como não gosta muito de futebol e tem saído pouco à noite em Fortaleza, não foi difícil fazer a opção por um programa mais ameno. “Foi importante participar. É algo diferente, bom e saudável em todos os sentidos.

 

Ele conta que não tem o hábito de meditar “no sentido estrito, mais sistemático”, mas “ vem aumentando o nível de atenção sobre o modo de respirar e sobre as sensações e movimentos corporais.” Para ele, participar da Meditação da Lua Cheia foi uma das melhores experiências: “agradável, instrutiva, bem conduzida e eficaz na geração de bem-estar e maior consciência corporal.”


Daniel é favorável à realização de prática de meditação no ambiente universitário. “Aprovo e desejo que seja não só mantido, mas sempre bem divulgado, em mais de um veículo.” Diz ainda que não só participará como recomendará a outras pessoas.


Liana participou de um evento de meditação pela primeira vez. “Gostei bastante. Fiquei impressionada com o poder da respiração e como a meditação pode trazer tranquilidade”, revela. A jovem enfermeira elogiou a iniciativa. “Adoro o espaço da reitoria e o horário que ocorreu foi adequado para quem trabalha”, afirma. Garante que irá participar se houver outras chances. “E alguns amigos já me perguntaram como foi a experiência e eu já os convidei pra uma próxima oportunidade”, diz.

Saiba mais


A Meditação na UFC, como evento aberto ao público, começou no primeiro semestre de 2013, como uma extensão da disciplina Yoga, ofertada no Instituto de Educação Física e Esportes (Iefes). Logo se transformou num projeto de extensão que passou a receber demandas de outros campi. Em maio último, a criadora do projeto e vice-diretora do Iefes, Profª Lúcia Rejane Barontini, promoveu a primeira edição do projeto no Benfica, nos jardins da Reitoria. Neste primeiro semestre de 2014, o Iefes passou a oferecer a disciplina Meditação e Educação, vinculando o projeto a esta e preparando alunos para conduzir a prática. “A intenção maior é, em um tempo breve, introduzir a meditação em escolas em Fortaleza”, diz. Em parceria com a Arte de Viver, realiza também a Meditação da Lua Cheia, que ganhou edição na Reitoria. “Muitas pessoas estão nos pedindo para realizar a meditação mais de uma vez por mês”, revela.


A organização The Art of Living (Arte de Viver) foi criada na Índia, em 1981, pelo líder humanitário, mestre espiritual e embaixador da paz Sri Sri Ravi Shankar. Atua em 152 países, promovendo ações humanitárias e educacionais voltadas para o controle do estresse e serviços sociais. Em Fortaleza, os integrantes da Arte de Viver atuam no Instituto Roda da Vida (Rua Carlos Vasconcelos, 919 – Aldeota). Periodicamente são realizados cursos.

Mais informações: Profª Lúcia Rejane Barontini, vice-diretora do Iefes e coordenadora regional da Arte de Viver – (fone: 85 3366 9533)

 

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