São Francisco, nascido na cidade de Assis, Itália, apaixonado pela Natureza, falava com bichos, flores e bosques. Dizia tudo ser seu irmão: “Meu irmão sol, minha irmã borboleta”. Tudo estava interligado: ”Entre eu, as coisas e os seres não deve haver distância ou distinções substanciais”. Confidenciava aos amigos: “Entendo a vida dos pássaros, dos peixes, das plantas e de tudo, enfim”.

Miss Margareth Ford, famosa protecionista dos bichos, conseguiu que São Francisco de Assis fosse reconhecido pelo Movimento Internacional Protetor dos Animais, como o Santo Padroeiro dos Animais e ai instituiu como o Dia Universal dos Animais, 4 de outubro, aniversário do seu falecimento, tendo em vista desconhecer a data do seu nascimento.

Contudo, ainda hoje, visualizamos um mundo grotesco, onde criaturas sencientes e que nenhum crime cometeram são torturadas, escravizadas, mutiladas e mortas em nome de uma pretensa superioridade do homem que nos remete a insanidade de Hitler e ao holocausto da Segunda Grande Guerra.

Todos os dias nos deparamos com a insensibilidade humana em relação aos animais quando vemos nas mesas a carne de seres inocentes ser devorada sem a mínima piedade; quando em nome de uma ciência equivocada, animais são submetidos a toda ordem de sofrimento em mesas frias dos laboratórios; cavalos, burros e jumentos explorados até a exaustão e quando velhos e doentes, descartados, jogados fora como um objeto imprestável; cães e gatos vivendo nas ruas abandonados, comidos de sarna e dor, rabinho entre as pernas, à espera do próximo pontapé; aves prisioneiras; garrotes e bezerros amarrados pelos testículos, atiçados nos rodeios e vaquejadas; animais de circo torturados para aprender números incompatíveis com sua natureza; animais silvestres condenados a prisão perpétua em zoológicos; nos parques aquáticos e nas rinhas, animais sofrendo para deleite do ser humano. 

Houve época em que a escravidão do povo negro era uma prática encorajada e muito natural. Pessoas que lutaram contra isto foram incompreendidas e tidas como radicais. O exemplo bem se aplica a atual luta em defesa dos animais não humanos. Como se lutou um dia pela libertação dos negros, lutamos hoje pela libertação dos animais. O gênio Leonardo da Vinci disse: “Haverá um dia em que o homem compreenderá o íntimo de um animal, e, nesse dia, um crime contra um animal será julgado como um crime contra o homem”. Como um dia se percebeu a injustiça praticada contra os negros, esperamos que o homem – mais evoluído – possa enfim compreender o que para nós protetores de animais, já é algo natural: todo ser vivo merece viver livre, com respeito e dignidade.

Neste dia consagrado aos animais, a mensagem que queremos deixar é que o animal não é algo inanimado, ele tem consciência de sua vida e esta  inclui uma série de necessidades biológicas, individuais e sociais e a satisfação dessas necessidades é uma fonte de prazer, assim como a frustração e o abuso, uma fonte de sofrimento.

Geuza Leitão – Presidente da União Internacional Protetora dos Animais – Uipa

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