“O que quer que façam conosco, não iremos atacar ninguém nem matar ninguém; estou pedindo que vocês lutem; que lutem contra o ódio deles (do governo inglês), não para provocá-lo. Nós não vamos desferir socos, mas tolerá-los, e através do nosso sofrimento faremos com que vejam suas próprias injustiças e isso irá feri-los, como todas as lutas ferem, mas não podemos perder, não podemos… Eles poderão torturar meu corpo, quebrar meus ossos, até me matar, então terão meu corpo inerte, mas não a minha obediência”, Gandhi




No dia 30 de janeiro de 1948, o mundo perdia a presença física do líder pacifista indiano Mohandas Karamchand Gandhi, chamado o Mahatma (grande alma). Mas sua influência como representante da paz e não-violência se estende até hoje. Como o legado do líder pacifista é associado à luta contra a violência, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a data de sua morte como o Dia Internacional da Não Violência.  


Formado em Direito na Inglaterra, Gandhi trabalhou na África do Sul e, em 1915, de volta a Índia, liderou o movimento de libertação de seu país, na época colônia do Império Britânico.  Gandhi foi defensor do princípio da não-agressão e da forma não-violenta de protesto.

Satyagraha

Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869 em Porbandar, na Índia. Seu pai foi um político e a mãe uma mulher com forte tradição religiosa. Conforme o costume de seu País, Gandhi casou aos 13 anos com uma menina da mesma idade. Em Londres, tornou-se vegetariano e aprofundou conhecimentos espirituais a partir de leituras do livro sagrado indiano Bhagavad-Gita e do Sermão da Montanha, do Evangelho. Chegou a afirmar: “Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.


Foi trabalhando como representante de uma empresa indiana na África do Sul, que ele tomou contato com o preconceito racial e despertou sua consciência social. Viveu 20 anos naquele país, sempre defendendo os direitos da minoria hindu. Diante da proposta de criação de uma lei proibindo aos indianos o direito de votar, Gandhi fundou o Congresso hindu em 1894, obtendo grande repercussão. Em 1906, liderou a primeira manifestação de desobediência civil. Foi a uma lei do governo sul-africano que quis obrigar os indianos a se registrarem, como forma de controle. A medida de recusar a se submeter a uma injustiça, ele denominou de Satyagraha (‘força da verdade”). Esteve à frente de muitas caminhadas pacíficas de protesto e foi preso, sem nunca apelar para reação violenta.

Independência indiana

De volta à Índia, enfrentou o imperialismo britânico conscientizando hindus e muçulmanos no sentido de buscarem a independência indiana, baseada no uso da não violência e da desobediência civil. Viajou pelo país levando sua mensagem para convencer populações rurais e urbanas a não colaborarem com os britânicos, que aumentavam impostos, proibiam os hindus de fazer o próprio sal e oprimiam o povo de várias outras formas.


Ficou para a história a famosa Marcha do Sal, quando milhares de indianos andaram durante 24 dias até o mar. Na praia, colocaram panelas com água ao sol, para dali extraírem o sal. A ideia se espalhou e os manifestantes eram tantos que o governo teve dificuldade para prender todo mundo. Mesmo assim, mais de cem mil hindus, incluindo os líderes, foram parar na prisão. Mas a fabricação do sal acabou sendo permitida na costa. A Marcha fez com que houvesse uma reunião em Londres, com grande repercussão mundial, tendo Gandhi obtido apoio de grandes nomes, em várias partes do mundo.


Gandhi incentivava o seu povo a produzir as próprias roupas e alimentos, para não depender dos colonizadores. Os valores dele, voltados para a simplicidade, têm como base a crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa). Ele defendia cinco pontos para o sistema dar certo: igualdade; nenhum uso de álcool ou droga; unidade hindu-muçulmano; amizade; e igualdade para as mulheres. Em plena segunda guerra, exortava os ingleses a não reagirem de forma violenta ao nazismo. A outros povos oprimidos ensinava: “Se é valente, como é, para morrer a um homem que luta contra preconceitos, é ainda bravo para recusar briga e ainda recusar se render ao usurpador.”

O jejum em nome da paz

Em seu esforço pela independência da Índia, foi preso muitas vezes e usou o jejum como forma de protesto. Seus métodos fincados na desobediência civil e não-violência ganhou admiradores no cenário mundial e influenciou personalidades como Nelson Mandela, Martin Luther King e Albert Einstein.


Em sua vida, dois marcantes paradoxos. Símbolo do pacifismo, morreu de forma brutal, assassinado em Nova Déli por um hindu radical, Nathuram Godse, insatisfeito por Gandhi insistir em quitar dívidas com Paquistão. E o Mahatma foi indicado ao prêmio Nobel da Paz cinco vezes entre 1937 e 1948, mas jamais ganhou a homenagem. O equívoco, porém, foi corrigido décadas depois pelo comitê organizador do prêmio.

Paz na Comunicação

Inspirada na herança pacífica do líder indiano, a Agência da Boa Notícia promove o Prêmio Gandhi de Comunicação, um dos mais importantes prêmios do jornalismo cearense, cujo o objetivo é incentivar estudantes, jornalistas e comunicadores a produzir notícias sobre cultura de paz.


Em 2013, o prêmio chegou a sua 6ª edição mostrando que tem fôlego de sobra para discutir o papel da imprensa na construção de uma cultura de paz na comunicação. A iniciativa da Agência da Boa Notícia (ABN) rompe, ainda, as fronteiras do profissional e vai buscar nos bancos das faculdades a esperança de edificar essa ideia na raiz. Os resultados nestas seis edições comprovam que a semente plantada floresce em trabalhos maduros e cheios de boas perspectivas para o nosso mercado profissional e sociedade.


“Nos dias em que vivemos, de tanta violência, de tantas notícias horríveis, todos os dias, a todo tempo, acho que tentar mudar o seu olhar para outra perspectiva já é o primeiro passo para tentar mudar algo”, Fabrício Alves, vencedor na categoria Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de 2013.


O trabalho de Fabrício, “Oficinas de Afeto: Quando a colaboração modifica a vida de  dependentes químicos”, mostrou que a sociedade está descobrindo que as drogas não escolhem endereço, elas podem entrar, a qualquer momento, em nossas casas. No entanto, a pesquisa comprova que uma nova disposição em relação ao contexto de caos pode mudar vários destinos, com amor, atenção e dedicação.  “Um concurso como esse estimula mais ainda o desenvolvimento destes tipos de trabalhos, porque nos motiva a ter mais empenho, não apenas pelo prêmio, mas pelo conteúdo em si, pela importância positiva que aquela mensagem pode deixar nas pessoas. Se a mensagem for captada de uma forma legal no seu trabalho, o reconhecimento é consequência e não resultado”, reflete Fabrício.


A proposta do Prêmio Gandhi de Comunicação, bem como todo o trabalho realizado pela Agência da Boa Notícia, repercute positivamente na sociedade cearense e reacende a necessidade do debate em torno do papel da imprensa na cultura de paz. É mais um trabalho inspirado no legado histórico de Mohandas Karamchand Gandhi.

 
Saiba mais
http://www.gandhi.hpgvip.ig.com.br/biografia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi#Retorno_.C3.A0_.C3.8Dndia


 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here