O primeiro discurso proferido pelo novo presidente dos Estados Unidos da América do Norte, no último dia 05 do corrente, democrata Barack Obama, despertou os cientistas políticos do mundo inteiro a projetarem estratégias de uma nova gestão governamental a ser implementada na política interna e externa da maior potência econômica do mundo. As palavras enfáticas do presidente Obama bem evidenciam o firme propósito do surgimento de uma nova era em que o relacionamento daquela potência com os demais países do mundo estará alicerçado mais para profundas reflexões sobre as desigualdades econômicas e sociais, conclamar os cidadãos americanos a trabalharem ainda mais, não apenas em prol de si mesmos, mas também dos outros, somar forças junto àqueles que buscam a paz, segurança, construção de um mundo mais humanizado do que uma relação meramente “ imperialista “, ou seja: “a força dos mais poderosos sobre os mais fracos”. Concluem os cientistas políticos – será uma parceria em que todos os países do mundo tomem a consciência de que, no mundo globalizado da modernidade, todos guardam entre si o imperativo de ajuda recíproca e liberdades institucionais. Afirmou Obama em seu discurso: “ é chegado o momento para se restaurar a prosperidade do povo americano e promover, a todo custo, o que diríamos – “globalização da paz”.

 A paz no mundo está estreitamente relacionada com os índices de pobreza no mundo, quando 1.200.000 um bilhão e duzentas mil pessoas no mundo passam fome, vivem abaixo da linha de pobreza, apontando como indicadores da desigualdade, no Brasil, que atinge a cifra de 57,9 milhões de pobres, sendo 24,7 milhões de brasileiros que vivem em extrema pobreza. Para o Papa Bento XVI, a paz no mundo está estreitamente relacionada com tais índices inadmissíveis e anticristãos, justificada na comprovação de que a miséria, a fome, a guerra, a exploração do homem pelo homem estão globalizados, gerando nefastas consequências para quem quiser enxergar e, singularmente, aviltando a dignidade humana. Nas entrelinhas do primeiro pronunciamento do presidente Obama pode-se antever que é chegado o momento de globalizarmos a paz, a solidariedade, a justiça e a ética entre os povos do mundo inteiro, constituindo-se, no momento, no maior desafio da modernidade ao lado de uma crise financeira sobre a vida dos norte-americanos.

A globalização da paz passa por alguns pré-requisitos essenciais, como: consciência da sociedade internacional em se aglutinar com o propósito maior em estabelecer programas sociais de erradicação da miséria, preservação do meio ambiente, instrução e capacitação das massas excluídas, promovendo-se como resultante a educação qualificada e profissional para a paz mundial e jamais programas sociais para fins eleitoreiros. O egoísmo de algumas potências econômicas hão de dar lugar à solidariedade humana e à construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Os recursos financeiros existem – afirma a ONU – em quantidade suficiente para se implementar as cabíveis condições, fomentar uma infra-estrutura favorável em benefícios da humanidade, bastando para tanto uma drástica redução no desperdício dos artefatos bélicos, redução à corrida armamentista, aplicando-se tais recursos para fins sociais, gerando condições dignas de se viver para milhões e milhões de seres humanos espalhados pelo mundo. Dizia Mahatama Ghandi: “há riquezas suficientes no mundo para satisfazer as necessidades de todos, mas, não para saciar a ganância de alguns”. A esperança do povo norte americano e dos outros países volta-se para a dimensão de um novo mundo em que o primeiro presidente negro daquela Nação poderosa possa construir, ou seja, um mundo melhor, em que os homens estejam acima da cobiça, do ódio, do egoísmo brutal, do desrespeito à dignidade do ser humano e as riquezas e frutos da modernidade sejam partilhadas com todos. 

* Artigo publicado no Jornal O Estado em 01.12.08 e reproduzido neste site com autorização do autor.

João Gonçalves
– Membro da Academia Limoeirense de Letras
boscogoncalves@uol.com.br

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