Quando eu era criança, um dos grandes artistas midiáticos era o Padre Marcelo Rossi. Sempre feliz, sempre de bem, idolatrado por milhões de brasileiros. Eu adorava cantar suas canções e fazer ginástica ao som do iei iei iei. Ele era dono de um carisma contagiante.

Depois que me tornei adulta outro religioso passou a fazer parte do meu cotidiano. Engraçado foi que a primeira impressão foi de um padre galã que aparentava ser o Fábio Jr. Ao ler seus escritos pude perceber que sua filosofia de fácil entendimento e forte emoção é algo precioso, de grande alcance. Claro que sua beleza marca ponto positivo para tamanha popularidade, mas, suas palavras de força e esperança já fizeram e fazem diferença para muitos que conheço.

Pois bem! Esses dois homens, padres, figuras públicas que conduzem uma multidão fiel aos seus ensinamentos foram vítimas de algo que está cada vez mais perto de nós e acomete cada vez mais pessoas em todo o mundo: os transtornos da mente. Medo, ansiedade, incerteza, obrigação também podem vitimar até a mais famosa e crédula criatura.

Padre Marcelo declarou em uma de suas entrevistas que achava que depressão era frescura. A doença o deixou em estado de extrema magreza e apatia. Faltou vontade de viver! Em entrevista à apresentadora Marília Gabriela, em dezembro de 2014, o religioso falou até em suicídio.

Em agosto passado foi a vez do país se surpreender com as declarações de Fábio de Melo. O ponto de partida para a doença foi um problema familiar. “Fiquei praticamente uma semana trancado em casa, com sensação de morte, tristeza profunda e medo de tudo. Nunca chorei tanto na minha vida”, afirmou o padre em uma de suas redes sociais. Ele segue com tratamento psiquiátrico e foi diagnosticado com Síndrome do Pânico.

Conheço pessoas que sofreram e sofrem com a depressão. Conheci pessoas que pensaram em tirar suas vidas todos os dias. As doenças psiquiátricas são consideradas fraquezas e não despertam empatia, pelo contrário, os depressivos por muitas vezes são considerados piegas.

Depressão é uma doença e precisa da compreensão de todos. Da mesma forma que se conduz o tratamento de qualquer outra patologia. Chegar para alguém com depressão e afirmar que é frescura, que é só uma fase, que o problema é porque não há Deus em seu coração…isso não ajuda! Menos blá blá blá, mais entendimento. Depressivos não se curam ao encobrirem seus sentimentos pessimistas, não terão suas angústias apagadas ao esconderem em baixo do tapete algo que está na alma só para não decepcionar o outro, por medo de se sentir rejeitado.
Depressão não escolhe cor, raça, ou conta no banco. Pode ser comigo, pode ser com você! Paciência, incentivo ao tratamento médico, disponibilidade e amor, oferecer isso já é um bom começo e será melhor se tiver meio e fim.

Márcia Rios – jornalista

mriosmartins@gmail.com

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