A filosofia sempre existiu e tem um fim único, desde o princípio do mundo. A finalidade da filosofia é realizar o homem e um homem realizado é um homem feliz.  Felicidade e autorealização são sinônimos, mas estranhamente muitos tem conceitos diferentes de felicidade, cada pessoa pensa em uma felicidade diferente.  Já desde o tempo da antiga Grécia onde nasceu a filosofia ocidental, tratava-se de felicidade, e mesmo quatro séculos antes da era Cristã, já se discordava do conceito de felicidade. Chamava-se felicidade de “eudaimonia” que é uma palavra grega composta na qual “eu” quer dizer “bom” e “daimonia” quer dizer “gênio”.  Sócrates disse graças a Deus eu nasci com um bom gênio.  E assim quem , segundo os gregos,   nasce com um bom gênio, já tinha uma boa base para ser feliz.


 


Duas escolas em Atenas se degladiam pelos conceitos de Felicidade. Epicuro e Diógenes.  Epicuro um ricaço ateniense dizia que felicidade era “ter tudo o que se pode ter e gozar tudo o que se pode gozar”.   Esta filosofia passou a ser  chamada de hedonista ou filosofia do prazer e é muito entendida no ocidente.


 


Outro filósofo chamado Diógenes que morava em um velho barril nos arredores do mercado de Atenas,  conhecido por andar nas ruas com a facho de luz procurando um verdadeiro homem em pleno meio dia. Ao ser indagado porque procurava homens debaixo dos caixotes se havia tantos homens andando no mercado, Diógenes respondeu:  Estes não são homens são fantoches, são bonecos andando por todos os lados que buscam felicidade vendendo ou comprando alguma coisa. 


 


Diógenes entendia por felicidade exatamente o contrário de Epicuro. Segundo ele a  felicidade consiste em “não ter nada que o mundo nos possa tirar e não desejar nada que o mundo nos possa dar”. Se alguém tem felicidade com algo que o mundo lhe possa tirar, então a felicidade é frágil pois quando perde, passa a ser infeliz, para Diógenes o melhor é cortar o mal pela raiz e não desejar nada e deixar somente  fluir a energia da natureza com alguma comida.  Acreditava Diógens que colocar a felicidade em algo que o mundo possa dar também é estabelecer uma dependência, um apego com algo que um possa nunca lhe ser dado ou um dia, tirado. 


 


A maioria pensa “se o mundo não me der o que eu desejo sou infeliz”, mas Diógenes era um homem extremamente feliz sem desejo algum e vivia em plena harmonia com sua maneira de pensar. Ele aplicava integralmente a filosofia de não ter nada. Alexandre Magno, imperador da Macedônia quis conhecer Diógenes que era considerado um homem célebre e foi atras dele no mercado, pois não tinha casa. Ao encontrar Diógenes tomando banho de sol no mercado, sentado no chão, perguntou:  Tens algum desejo que eu te possa satisfazer? E Diógenes respondeu para espanto de todos: Sim, eu tenho um desejo, não me tires o que não me podes dar.   O imperador então se deu conta de que a sua sombra estava impedindo que o sol banhasse o corpo de Diógenes. 


 


As escolas filosóficas se dividiam em  duas filosofias, a escola de “ter tudo” e a de “não ter nada”.  Tanto Diógenes como Epicuro fizeram consistir sua felicidade no modo de ter e não ter alguma coisa.  Desta forma os conceitos de felicidade transitavam pelo  “ter” e pelo  “não ter”. 


 


Apareceu uma terceira escola filósofica chamada integral, que era a escola do “ser”, fundada por um gênio chamado Zenon que atribuia a felicidade ao autoconhecimento e autorealização. Segundo Zenon, a felicidade não consiste em “ter” ou “não ter” objetos e sim na atitude do sujeito diante dos objetos quer estejam presentes ou ausentes.  Para a determinação da felicidade a  atitude é mais importante  do que ter tudo ou não ter nada.  Se uma pessoa tem tranquilidade e imparcialidade diante da riqueza ou diante da pobreza, ela é feliz.


 


A base da felicidade é o modo como alguém “tem” ou “não tem” alguma coisa, independente de ter ou não.  Aqui então começa o que chamamos em autorealização.  A pessoa autorealizada  não se importa os objetos e sim a atitude em face dos objetos, quer os objetos presentes – riqueza, quer os objetos ausentes – pobreza. 


 


Pela primeira vez apareceu uma noção perfeita da filosofia grega estóica que distingue a felicidade como a atitude que o homem assume diante dos objetos. Zenon dizia nunca faça depender a tua felicidade de algo que não dependa de ti. A tua felicidade depende da tua substância e não de circunstâncias alheias. 


 


E a sua felicidade depende de que?


 


Artigo publicado no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização da autora


 


* Magui Guimarães é master em Coach & Neurolinguística e coordenadora da 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta, que acontece de 9 a 11 de novembro no Centro de Eventos do Ceará – magui@maguiguimaraes.com.br


 

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