Há corruptos e corruptos. Uns com Phd, outros neófitos, aprendizes de feiticeiro. Há ladrões grandes e ladrões pequenos, como já afirmava Vieira, num dos seus sermões – lá vão os ladrões maiores a enforcar os menores. A corrupção, sem dúvida, é assunto midiático e se faz presente no setor público.
A prática se deve à forma como são preenchidos os cargos em comissão, repartidos entre facções políticas, e ocupados por gente sem o necessário conhecimento sobre normas financeiras e administrativas. Levados pela vaidade e pela prepotência, e desprovidos de uma competente equipe de assessores, cometem verdadeiros abusos na condução da coisa pública e no emprego dos dinheiros públicos.
Outros, já treinados e com larga experiência na prática de obtenção de vantagens indevidas, agem acobertados pela impunidade e pela morosidade dos órgãos de fiscalização e da justiça.
No presente ano eleitoral, por exemplo, corre-se o risco da repetição do desmonte das prefeituras, quando o gestor derrotado entrega ao sucessor uma massa falida, com prejuízos incalculáveis e irreparáveis para o município e para o País, tendo em vista o conjunto de arbitrariedades cometidas.
Os tribunais de contas não detêm competência para promover a execução contra os dilapidadores dos dinheiros públicos, cabendo-lhes representar junto ao Ministério Público para a adoção das providências cabíveis.
O dinheiro roubado não retorna à origem, pois o direito de impetrar recursos procrastina a decisão de reparar o erário.
* Artigo publicado originalmente no Diário do Nordeste de 16 de janeiro de 2012 e reproduzido neste site com autorização do autor
Eduardo Fontes é jornalista